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Para a edição de 2025 da ArtRio, Nara Roesler tem o prazer de apresentar, no projeto SOLO, um conjunto de obras inéditas de Asuka Anastacia Ogawa (n. 1988, Tóquio, Japão), artista cuja prática tem se consolidado pelo desenvolvimento de uma linguagem própria e altamente reconhecível, marcada por fundos monocromáticos e vibrantes que se destacam por sua economia formal. Estes trabalhos são os primeiros criados pela artista em solo brasileiro.

 

Ogawa constrói suas narrativas visuais a partir de figuras enigmáticas – personagens andróginos com feições cuidadosamente construídas, os quais a artista gosta de chamar de "my babies", ou "meus bebês", que habitam suas telas como presenças silenciosas e intensas. Esse universo começou de forma inesperada, quando a artista, ainda experimentando com vídeo e manipulações digitais, criou imagens híbridas a partir de seu próprio rosto. Com o tempo, esses seres passaram a protagonizar uma pesquisa pictórica que, embora profundamente íntima, permanece aberta à interpretação, recusando leituras únicas ou fechadas.

 

A artista reúne em sua prática influências de diferentes experiências culturais e espirituais, refletindo suas vivências múltiplas. Nascida no Japão, Ogawa passou parte da infância e adolescência em Petrópolis, no Rio de Janeiro, cidade natal de sua família materna. Depois, a artista completou seus estudos na Suécia e se graduou na Central Saint Martins College, em Londres, e atualmente vive em Los Angeles, nos Estados Unidos.

 

Rituais e festas populares na Bahia, templos e tradições religiosas japonesas, além de uma recente imersão em yoga e meditação, permeiam a pesquisa de seus trabalhos recentes de forma sutil, tensionando corporeidade e memória. Essa dimensão espiritual aparece não como ilustração, mas como atmosfera, sugerindo estados de prece, celebração e quietude que atravessam suas composições que transitam entre a delicadeza formal e a densidade simbólica.