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A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta a exposição Tomie Ohtake: nas pontas dos dedos, mais uma chave para alcançar o pensamento plástico da consagrada artista brasileira, ao trazer uma pesquisa inédita do curador Paulo Miyada. Debruçado no material arquivado por Tomie em sua casa-ateliê, Miyada encontrou cadernos de estudos, praticamente desconhecidos, mesmo no circuito das artes, nos quais pequenas colagens revelam como se iniciava a experimentação pictórica da artista. Ao exibir esses cadernos, a mostra constrói uma ponte entre os estudos, treze pinturas e algumas gravuras, das décadas de 1960 a 1980. 

 

Os delicados estudos eram feitos a partir de um procedimento singular: rasgar, cortar e colar recortes de papéis comuns do dia-a-dia, como revistas, convites, jornais, folhetos etc. "Prestar atenção nessa processualidade de Tomie Ohtake é ganhar acesso aos vínculos de sua pintura com o acaso, a gestualidade e a ousadia cromática", assinala o curador.

 

Em suas composições da década de 60, Tomie rasgava os pedaços de papel para criar a gênese de suas pinturas. Já na década de 1970, quando as pinturas começaram a lidar com formas de contornos mais nítidos, os estudos também se transformaram, pois a artista passou a utilizar a tesoura - e nunca régua e estilete - para cortar os papéis. 

 

Miyada aponta que os diminutos estudos são um recurso consistente e recorrente na obra da artista até meados da década de 1980. "As composições encontradas serviam de roteiro para pinturas e gravuras que experimentavam diferentes escalas e combinações cromáticas. É como se a prancheta com papéis recortados fosse uma zona de mineração de formas e encontros de cores", observa o curador. 

Vistas da Exposição

vista da exposição -- galeria nara roesler | rio de janeiro, 2018 -- foto ©Pat Kilgore