A Galeria Nara Roesler tem o prazer de apresentar a exposição JR: Patamar, primeira mostra individual do aclamado artista francês no Brasil, que inaugura no dia 21 de novembro na sede carioca da galeria, com trabalhos que tratam da questão dos fluxos migratórios atuais ao redor do mundo. Na ocasião, o artista comemora também os dez anos da Casa Amarela, espaço cultural situado no Morro da Providência, idealizado e inaugurado por JR em 2009.
Conhecido principalmente por seus projetos de arte urbana de grande escala, JR já espalhou sua arte em edifícios do subúrbio francês, em muros do Oriente Médio, em pontes e trens na África e em favelas do Brasil. Sua produção cria conexões e aproxima pessoas em locais de conflito ou vulnerabilidade social, onde atores e espectadores da cena artística se confundem.
Patamar refere-se, nas palavras do artista, “ao momento em que as coisas estão mudando e as pessoas estão a caminho de dar um próximo passo”. O conceito presente no título da exposição e que remete à ideia de entrada, de limiar, perpassa todos os trabalhos que compõem a mostra, como pode ser observado nas obras inéditas e criadas especialmente para o espaço da galeria, compostas por remos de madeira que, à maneira de JR, receberão a aplicação de impressões fotográficas. Usados para realizar o movimento de um lugar a outro, os remos se referem aos deslocamentos realizados por imigrantes e simbolizam um passo para uma nova vida.
Compõem também a mostra desdobramentos das ações da série GIANTS [Gigantes], realizadas por JR no Rio de Janeiro em 2016, durante as Olimpíadas. Nela, o artista retratou atletas imigrantes e criou esculturas gigantes com andaimes, que davam ênfase ao corpo dos desportistas em movimento e que se inseriam diretamente na paisagem urbana.
A relação de JR com a cidade do Rio de Janeiro não é de hoje, começou em 2009, mais precisamente no Morro da Providência, com o projeto Women are Heroes (Mulheres são Heroínas), iniciado no ano anterior, na África. O que levou o artista francês até a primeira favela do Rio de Janeiro foi a história que ganhou repercussão internacional, de três jovens da comunidade, que, sequestrados por militares, foram entregues como troféu a traficantes da favela rival, onde foram torturados e mortos.
Como parte do projeto Women are Heroes, JR cobriu grande parte das fachadas e muros da favela, com imagens de grande formato dos olhos e faces de mulheres da comunidade ligadas aos rapazes assassinados, incluindo suas mães e avós. De repente, a partir dos bairros privilegiados da cidade, era possível avistar os olhares daquelas mulheres e então, o morro da Providência passou a chamar a atenção da mídia para além das notícias sobre miséria e violência. A comunidade não ganhou um rosto, mas também uma voz. “A cidade via este lugar como um local violento, viam seus moradores como monstros. O poder da arte é mudar a percepção das coisas. Não dá respostas, mas gera muitas perguntas”, disse o artista ao El Pais em 2017.
Também em 2009, em parceria com o fotógrafo e historiador Mauricio Hora, JR criou a Casa Amarela, um espaço cultural situado no alto do Morro da Providência que oferece aulas de inglês, arte, música e leitura para as crianças da comunidade. A iniciativa, que este ano completa 10 anos, contou com envolvimento de diversos artistas ao longo de sua história: suas fachadas são envolvidas por uma instalação realizada pelos artistas Takao Shiraishi e Diirby, além de contar com pinturas d’OSGEMEOS. Em 2017, a Lua – um novo espaço dedicado a residências de artistas e workshops para a comunidade –, foi construída no topo da casa como símbolo do que a Casa Amarela busca: fazer com que as pessoas da comunidade cheguem até a Lua.