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Em 10 de agosto, sábado, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler inaugura a exposição Pensamento pantográfico de Artur Lescher. A mostra reúne a produção recente do artista, apresentando dez obras inéditas, sendo algumas delas concebidas especialmente para o espaço da galeria. Feitas em madeira, basalto, aço e latão as obras - física ou conceitualmente - apresentam as capacidades de avanço e recuo sobre si mesmas.

As esculturas, instalações e objetos têm capacidade de extensão e contração por meio de suas juntas e dobradiças - característica física também do pantógrafo (do grego pantos = tudo + graphos = escrever), aparelho articulado capaz de copiar, ampliar ou diminuir desenhos mecanicamente.

Não é somente por esse motivo que o paralelogramo articulado dá nome à exposição. Apesar de nem todas as obras guardarem uma relação direta com a forma do aparelho, todas possuem intrinsecamente um princípio pantográfico, já que têm a capacidade de articular ideias e/ou imagens de expansão e retração. Sendo assim, as peças são simpáticas a esse princípio.

“O título alude também à capacidade de escrever/descrever ou, mais propriamente, de 'desenhar' que as obras possuem”, comenta Lescher. 

Trabalhando com madeira, Lescher criou peças em jacarandá com articulações metálicas que sugerem interpretações mínimas e verossímeis de livros a partir da mais simples dobradura. 

A recém-criada série de obras “telescópicas” em alumínio ganha aprofundamento na mostra. São peças que, novamente, remetem à expansão e à retração, cabendo em si mesmas - como os telescópios. Uma delas se abriga dentro da parede da sala de exibição, podendo ser acionada pelos visitantes, reiterando a discussão sobre o dentro e o fora. 

Com poética e proporções similares, Ou ou (2013), pêndulo usinado em latão, apresenta uma sequência progressiva de esferas, tendo cada esfera que o forma sido proporcionalmente diminuída (ou aumentada) em relação à anterior.

Faz parte da exposição Pensamento pantográfico uma obra em latão de cerca de cinco metros de altura que retoma pesquisas iniciadas em 2006 pelo artista. Estruturas pontiagudas, similares a agulhas, parecem sair do teto, invertendo os sentidos. “É uma peça sinalizadora, que aponta em direção ao piso, ao concreto em oposição à cúpula”, ressalta. 

As questões que se apresentam nesta exposição são desdobramentos de mostras anteriores, como Metaméricos (2008) ou Meta Métricos (2011), e ainda sofrem efeito de Inabsência, sua última exposição individual na cidade de São Paulo, ocorrida em outubro de 2012 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. “Percebo que existem infiltrações de questões que ainda não consegui dominar completamente e escapam neste momento. Na verdade, a exposição é um momento no qual este jogo pode ser esclarecido.”