A Nara Roesler Nova York tem o prazer de apresentar a primeira individual de Angelo Venosa na cidade. Com curadoria de Vik Muniz, a mostra apresenta cerca de vinte trabalhos executados nos últimos anos de sua trajetória, entre 2015 e 2021, além de um conjunto de estudos e trabalhos em pequena escala produzidos pelo artista com tecnologia de impressão 3D.
Embora tenha iniciado sua carreira artística em meio à Geração 80, no Rio de Janeiro, Venosa se distingue de grande parte dos artistas de sua geração, marcada pela retomada da pintura, por ter se dedicado à escultura. Seus trabalhos em madeira, envoltos por tecido, resina e fibra de vidro, ou compostos por cera de abelha e dentes, evocam volumes incomuns, fundando uma temporalidade ambígua, emanando referências de eras ancestrais.
Nas palavras do crítico Lorenzo Mammi, “sua arte não se recusa a imitar a natureza (...) simulando procedimentos orgânicos, repete a relação de esqueleto e pele, osso e cartilagem, matérias fluidas e coaguladas. Pondo-se não à frente, mas atrás da natureza, como se esta fosse produzida por seu gesto, o artista assume literalmente o papel de criador”.
Reunindo diferentes corpos de trabalho de Venosa, a mostra auxilia na compreensão dos múltiplos encaminhamentos de sua produção. Em suas esculturas realizadas em madeira, tecido e fibra de vidro, o artista cria formas orgânicas que ao mesmo tempo em que podem remeter a fósseis, possuem elementos que as aproximam de casulos e outras formas quase vivas. Outro grupo de trabalhos, em menor formato, executados em bronze, apresentam estruturas semelhantes a ossaturas que se combinam com formas similares a órgãos, de aspecto maleável, o que se contrapõe ao aspecto final da matéria prima em que são executadas.
Algumas dessas esculturas foram desenvolvidas durante o período em que Venosa esteve na Further On Air Artist-in-Residence (FOAIR), em Amagansett, Nova York, em 2017. Os registros pessoais feitos pelo artista nos aproximam de sua experiência da paisagem e dos elementos da natureza, incorporados em sua produção.
Se em alguns trabalhos está presente a tensão entre o que é vivo e entre orgânico e inorgânico, em outras obras o artista passa a explorar também elementos desenvolvidos a partir da tecnologia digital. Procedimentos como radiografias e recortes digitais são explorados em obras de caráter mais bidimensional, realizadas em aço corten, que criam inusitadas sobreposições entre orgânico e digital.
A curadoria de Vik Muniz leva em conta o aspecto científico do trabalho de Angelo Venosa, estruturando a mostra como um gabinete de curiosidades. Estudos e trabalhos em pequena escala produzidos pelo artista com tecnologia de impressão 3D, que ficavam espalhados pelo seu ateliê, e que podem ser consideradas como sementes das obras em grande escala, foram selecionados por Muniz para apresentar uma parte bastante relevante de seu trabalho, ainda pouco conhecida pelo público.