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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Do Vento, exposição individual do artista francês Xavier Veilhan, com obras concebidas através do seu Transatlantic Studio – projeto no qual o artista transfere seu estúdio para um veleiro, oferecendo uma alternativa ao transporte aéreo para o transporte de obras de arte.

 

A bordo do catamarã Outremer 5X – uma embarcação movida a energia eólica feita com 50% de fibra de linho –, Veilhan, sua equipe e suas obras atravessarão o Oceano Atlântico, partindo de Concarneau, na Bretanha, França, e chegando ao porto de Santos, Brasil. O artista desenvolverá parte das obras durante a viagem e as concluirá em São Paulo, onde serão apresentadas ao público na Nara Roesler São Paulo, de 8 de novembro de 2025 a 31 de janeiro de 2026. “Quero desenvolver ainda mais essa iniciativa de um estúdio flutuante e transporte movido a energia eólica para algumas das minhas próximas exposições. O objetivo é criar novos imaginários e oferecer uma alternativa às pressões e ao ritmo frenético do mundo da arte: feiras e exposições internacionais consomem enormes quantidades de energia e priorizam a velocidade”, explica o artista. “O setor precisa se adaptar aos desafios ecológicos, mas tem dificuldade em fazê-lo mantendo a competitividade. Este projeto é uma experiência, uma tentativa – que tem valor como obra de arte em si”, acrescenta. Para esta expedição, o artista será acompanhado por Roland Jourdain, velejador premiado e cofundador da Fondation Explore; Denis Juhel, capitão assistente; Matthias Colin, oceanógrafo, que estará a bordo para fins de pesquisa; Antoine Veilhan, filho do artista, especializado em carpintaria e marcenaria náutica; e Carmen Panfiloff, assistente de escultura e marcenaria.

 

A Fondation Explore e o Muséum National d’Histoire Naturelle, em Paris, são parceiros nesta viagem e usarão a travessia para pesquisa científica. Amostras de plâncton serão coletadas ao longo da rota e transmitidas via satélite para alimentar bancos de dados científicos. A bordo, um hidrofólio equipado com um hidrofone registrará a vida subaquática, de modo a conhecê-la e preservá-la. 

 

A intenção é que Veilhan trabalhe como faz em seu estúdio na França. O barco não é apenas um meio de transporte, mas um estúdio em movimento. Para produzir esculturas a bordo, a equipe trará equipamentos para trabalhar madeira da França, projetados por Antoine, construídos para funcionar sem eletricidade, como uma serra de fita acionada por pedal.

 

Em Do vento, Xavier Veilhan revisita uma preocupação central em sua prática: a relação entre a segunda e a terceira dimensões. Para o artista, toda escultura começa como uma linha, e é através de sua acumulação e sucessão que o volume emerge. Essa articulação entre o gráfico e o espacial reflete a passagem da imagem para a realidade. Um ritmo linear se desdobra ao longo da exposição: em desenhos de parede, móbiles e esculturas, nas quais camadas de madeira compensada montadas sugerem ao mesmo tempo estrutura e fluidez.

Evocando a linha constante do horizonte e as coordenadas móveis das cartas náuticas que deram origem à exposição, essas formas traduzem a travessia transatlântica de Veilhan em um desenho espacial onde orientação e movimento coexistem.

A exposição também incluirá um vídeo, feito durante a viagem, que entrelaça elementos de ficção e documentário. Como observa Veilhan, o projeto é “uma celebração de tudo o que está vivo, uma celebração da natureza”.

 

A ideia é que a exposição na Nara Roesler São Paulo seja a primeira de um novo modelo de criação e transporte de obras pensado pelo artista, incorporando a sustentabilidade e também o processo criativo de uma maneira mais enfática a sua poética. Dessa forma, pretende-se, por meio de futuras parcerias dentro e fora da França, expandir esse formato, trazendo para ele novos arranjos, materiais e debates.