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A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar “Pontos de Convergência”, uma exposição de esculturas articuladas de madeira de grandes dimensões e assemblages de objetos encontrados pelo artista. A exposição ficará em cartaz de 15 de junho a 20 de agosto. Simultaneamente à exposição, a instalação Censor ficará exposta no Museu da Imagem e do Som (MIS) entre 18 de junho a 31 de julho.

 

Em sua sexta exposição na galeria, o artista se aprofunda na linguagem dos objetos descartados e na maleabilidade de sua obra, sugerindo significados híbridos, através de formas de apresentação variadas e brincadeiras com a escala.

 

Marcelo Silveira é mais conhecido por suas intrincadas assemblages que deixam entrever uma atenção com o material, suas diversas formas de apresentação e uma tatilidade de superfície. Empregando mídias e processos variados em uma única obra, em construções que se expandem e retraem fisicamente, promove um reposicionamento do conceito-coisa que se traduz a partir de diversas unidades de objetos encontrados, instalações com texturas de alta densidade e objetos de arte portáteis.

 

Uma das principais obras da exposição é a instalação Catecismo (2012/2016), mostrada em sua individual no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), no Recife. Composta por detalhes ampliados de ilustrações encontradas em pequenos livros de catecismo, guardados com carinho durante décadas pela bisavó do artista, a obra se expande para a parede e suas dimensões totais dependem das diversas combinações que a obra pode permitir. A grande tela (2012), outro trabalho importante, é formado por pacotes de fio de linho cru, enrolados dentro de cúpulas de vidro de tamanhos variados. a materialidade do objeto disposto sobre uma mesa de madeira cria um senso de opacidade e de excesso contido. Também estão expostos Molengas (2016), uma nova série de placas de madeiras diversas que se abrem e se dobram conforme são manuseadas pelo público; Com fé (2013/2016), suportes bidimensionais de madeira contendo centenas de sacas de café gourmet descartadas, que o artista guardou durante anos; e Trilogia (2008), um trio de esculturas em madeira de formas geométricas entalhadas, que se assemelham a luzes decorativas de festividades regionais.

 

Sob vários aspectos, “Pontos de Convergência” cristaliza o processo criativo de Silveira. O que se inicia como atenção casual a um objeto aparentemente sem valor se transforma em colecionamento dedicado e acumulação de arquivo. Após anos de acumulação, ocorre a compressão, dando forma a assemblages de grandes dimensões, que são depois armazenadas e tornadas sucintas para facilitar seu transporte. A tensão entre profusão e economia é circadiana para o artista. Com um armazém de coisas acumuladas em constante expansão, a realidade física dos objetos é uma constante no modo de produção do artista e nas cores de sua prática.

 

Paralela à exposição na Galeria, Marcelo Silveira apresenta Censor (2013/2014) no Museu da Imagem e do Som (MIS). Como menciona Christina Huggins "A obra é composta de vinte e cinco cartazes de filmes, em policromia, emoldurados em madeira tingida, sobre os quais sobrepõem-se três placas de acrílico, na cor magenta, vazadas parcialmente em algumas áreas e integralmente em outras. A intenção é ora insinuar, ora revelar partes do conteúdo". Censor se assemelha a um festival, com cartazes de filmes censurados pelo Serviço de Censura de Diversões Públicas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Após a decretação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), em 1968, estima-se que cerca de 500 filmes, 450 peças teatrais, 200 livros e mais de 500 canções tenham sido censuradas no país. Em Censor, Silveira evoca o legado de um regime político autoritário para lembrar o público dos perigos das políticas repressoras que permitem a censura e ações confiscatórias contra artistas e agentes culturais. 

 

 

Nascido em 1962 em Gravatá, no estado de Pernambuco, Marcelo Silveira vive e trabalha em Recife. O artista teve seus trabalhos expostos na 1ª Bienal Internacional de Buenos Aires (2000); na 5a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005); na 4ª Bienal de Valência (2007); na 29a Bienal de São Paulo (2010); e na 10a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015). Algumas de suas individuais recentes foram Um dedo de prosa (MAMAM, Recife, Brasil, 2016); e O Guardião das coisas inúteis (MAMAM, Recife, Brasil, 2014). Marcelo participou de exposições coletivas em instituições como a Frankfurter Buchmesse, em Frankfurt; Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; Palácio das Artes, em Belo Horizonte; MAC-USP, em São Paulo; Centro Cultural Maria Antônia e Centro Cultural Banco do Brasil, ambos em São Paulo.