A produção de Antonio Dias durante a década de 1980 é marcada por uma compilação de gestos e símbolos e pelo interesse do artista em experimentar com materiais pictóricos orgânicos. Utilizando telas e folhas de jornal como suporte, Dias edifica essas obras entre as experiências construtivas e a arte povera, propondo algo que transborda as demonstrações lógicas, com uma certa espessura e apelo tátil da pintura. As superfícies recebem tinta de tons avermelhados e papéis que são recortados e depois reordenados dentro dos limites da composição, gerando símbolos facilmente reconhecíveis, mas que guardam alguma ambiguidade visual. Evocando um vocabulário da primeira fase de sua produção, imagens de ossos, órgãos e formas fálicas reaparecem junto às formas geométricas que se multiplicam em cada obra.
A exposição, organizada em parceria com a Galeria Nara Roesler, traz uma concisa seleção de obras produzidas entre 1980 e 1989, que investigam a produção de um dos mais importantes artistas do país. Algumas das pinturas reunidas são exibidas pela primeira vez ao público. É uma pequena amostra do quanto segue viva a possibilidade de nos surpreendermos com a obra de um dos mais experimentais, críticos e ousados artistas contemporâneos.