A Nara Roesler tem o prazer de apresentar, na Expo Chicago 2025, um diálogo entre obras dos artistas Sérgio Sister (n.1948, São Paulo, Brasil) e Thiago Barbalho (n.1984, Natal, Brasil), reunindo duas gerações em uma conversa que atravessa diversas temporalidades.
Embora amplamente reconhecido como um dos grandes nomes da pintura abstrata no Brasil – com uma obra marcada pela presença de superfícies monocromáticas e pinturas tridimensionais –, Sérgio Sister iniciou sua trajetória artística como militante político, cujas obras eram pautadas por uma linguagem pop, colorida, orgânica e de inspiração nos quadrinhos, utilizada como meio de transmitir mensagens políticas. Algumas dessas obras seminais foram produzidas enquanto o artista esteve detido durante a ditadura militar no Brasil, no início dos anos 1970.
Thiago Barbalho se destaca entre os artistas de uma nova geração no Brasil por suas composições intrincadas, em que formas e cores se entrelaçam e embaralham em narrativas psicodélicas. Embora suas obras sejam informadas por linguagens visuais do tipo all-over e por formas orgânicas-abstratas, seus desenhos encontram ecos nos trabalhos seminais de Sister.
Barbalho entende o desenho como uma tecnologia ancestral, atravessando épocas e culturas. Sua pesquisa visual reúne elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro com símbolos e personagens oriundos do consumismo e da cultura de massa, incluindo desenhos animados. As aproximações entre os trabalhos de Sister e Barbalho emergem não apenas pelo uso vibrante das cores, mas também pelo caráter autobiográfico das obras históricas de Sister e pelos desenhos de realismo mágico de Barbalho.
Assim como Barbalho, Sister também foi profundamente influenciado pela Pop Art. No entanto, no caso de Sister, o uso de imagens do imaginário popular se orientava por um discurso politicamente engajado, característica marcante da arte brasileira daquele período. Como afirma o próprio artista: “Nos apropriamos da pop art porque ela parecia uma versão moderna da arte, adequada aos nossos ideais revolucionários. Era agressiva, irônica, bem-humorada e oferecia um arsenal de ícones que podiam alimentar nosso discurso.”
Hoje, o trabalho de Sérgio Sister faz a ponte entre a pintura e a escultura, como pode ser visto em sua série Ripas, em andamento desde o final da década de 1990, e a série Caixas, iniciada em 2009. Nessas obras escultóricas, Sérgio eleva a pintura de campos de cor ao espaço tridimensional, ressignificando a noção clássica da tela como uma janela.