Toda a produção de Karin Lambrecht (n. 1957, Porto Alegre, Brasil) em pintura, desenho, gravura e escultura demonstra uma multifacetada preocupação com as relações entre arte e vida, compreendida em sentido abrangente: trata-se de vida natural, vida cultural e vida interior. Para o pesquisador Miguel Chaia, os processos técnico e intelectual de Lambrecht se inter-relacionam e se mantêm evidentes nas obras para criar uma “visualidade espalhada na superfície e direcionada para a exterioridade”. Seu trabalho é ação que funde corpo e pensamento, vida e finitude.
No início da carreira, Lambrecht repensou a tela e a forma de pintar – elimina então o chassi, costura tecidos, usa retalhos chamuscados. A abstração gestual, característica da Geração 80, que integrou, é mote central; suas obras habitam um espaço entre pintura e escultura, dialogam com a arte povera e com Joseph Beuys, são políticas, mas também materiais. Os volumes pesam como corpos, as delimitações ou negações do espaço dialogam com a escala que seus trabalhos assumem. A partir da década de 1990, a artista inclui materiais orgânicos em suas telas, como terra e sangue, o que determinou, em alguma medida, o repertório cromático que aparece então. . Além do sangue animal, são elementos recorrentes em seu trabalho as formas cruciformes e as referências ao corpo, índices de diferentes níveis de identificação do espectador com a obra.
Karin Lambrecht vive e trabalha em Broadstairs, Reino Unido. Algumas de suas exposições individuais incluem: Seasons of the Soul, no Rothko Museum (2024), em Daugavpils, Letonia; Karin Lambrecht – Entre nós uma passagem, no Instituto Tomie Ohtake (ITO) (2018), em São Paulo, Brasil; Karin Lambrecht – Assim assim, no Oi Futuro (2017), no Rio de Janeiro, Brasil; Nem eu, nem tu: Nós, no Espaço Cultural Santander (2017), em Porto Alegre, Brasil; Pintura e desenho, no Instituto Ling (2015), em Porto Alegre, Brasil. Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002) e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005), todas no Brasil. Exposições coletivas de que participou nos últimos anos incluem: Acervo em transformação: Doações recentes, no Museu de Arte de São Paulo (MASP) (2021), em São Paulo, Brasil; Alegria – A natureza-morta nas coleções MAM Rio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) (2019), no Rio de Janeiro, Brasil; Tempos sensíveis – Acervo MAC/PR, no Museu Oscar Niemeyer (MON) (2018), em Curitiba, Brazil; Clube da gravura: 30 anos, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2016), em São Paulo, Brasil; O espirito de cada época, no Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) (2015), em Ribeirão Preto, Brasil. Sua obra está presente em importantes coleções institucionais como: Fundação Patrícia Phelps de Cisneros, Nova York, Estados Unidos; Ludwig Forum fur Internationale Kunst, Aachen, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo, Brasil.