raiz, memória e humanidade

sesc santana, são paulo, brazil
3.9 - 17.11.2019

Virgínia de Medeiros participa do segundo ciclo de uma trilogia de exposições inspirada pela obra "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Os trabalhos de arte apresentados nesta seleção tratam da construção da identidade, tanto individual como coletiva, a partir de quatro eixos de investigação: a ancestralidade, a memória, a experiência de alteridade e o pertencimento.

 

Fábula do olhar, de Virginia Medeiros (com intervenções de Mestre Julio Santos)
Como uma espécie de artista etnográfica, Virginia de Medeiros, no período de um mês e meio, instalou um estúdio fotográfico em dois refeitórios destinados a moradores de rua na cidade de Fortaleza. A artista retratou 21 moradores de rua numa série fotográfica em preto-e-branco, colheu depoimentos em vídeo sobre a história pessoal de cada um dos colaboradores e fez uma pergunta-chave que direciona e identifica a natureza da obra: Como você gostaria de se ver ou ser visto pela sociedade? Esta questão abre o campo de subjetividade dos indivíduos retratado que, fabulando sua condição, se fazem personagens da obra "Fábula do Olhar". O momento da fabulação é esse, quando a diferença entre aquilo que é real e aquilo que é imaginado se torna indiscernível, quando por esse processo o indivíduo se constitui como um sujeito da cena e não como um mero objeto que é observado: criar um mundo, nele crer e se projetar. A artista convidou o fotopintor Mestre Julio Santos que, através da técnica da fotopintura digital, coloriu os retratos em preto-e-branco interferindo nas imagens de acordo com as revelações dos moradores de rua. Como resultado temos uma imagem-fabulosa que coloca em ação este jogo inelutável entre o real e o imaginário. Cada fotopintura é acompanhada por um texto literário, no qual o morador de rua se apresenta, fala do que é viver em situação de rua e faz a encomenda de sua representação.

 

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