A Galeria Nara Roesler inaugura MOTO, exposição de trabalhos inéditos de Raul Mourão, no dia 15 de fevereiro (sábado). A mostra reúne esculturas cinéticas, pinturas, desenhos, fotos, vídeos e uma instalação em homenagem ao artista popular Selarón, morto em 2013. Mourão dedica a mostra ao designer André Stolarksi (1970-2013).
MOTO, segunda individual de Raul Mourão na Galeria Nara Roesler, apresenta um olhar amplo sobre o percurso do artista. Há esculturas cinéticas realizadas em tubos de aço galvanizado e braçadeiras, uma instalação composta de duas esculturas cinéticas e pequenas lâmpadas, seis vídeos da série DOC.DOT.MOV realizados em Nova York, onde o artista reside atualmente, além de fotos e pinturas da série#SETADERUA e esculturas e fotos da série #AGRADEEOAR.
O artista comenta: “a diversidade de suportes e temas é resultado de um dialogo direto com o livro MOTO, em que estou trabalhando desde julho passado. O livro é um ensaio visual que mistura documentação de obras realizadas, projetos em andamento, maquetes, pequenos desenhos e um encarte em homenagem ao artista Selarón. A partir de setembro resolvi transpor parte do livro para a exposição de mesmo nome. Diferente das ultimas exposições, no MAM, na Praça Tiradentes (ambas no Rio) e na própria Galeria Nara Roesler, onde apresentei essencialmente esculturas cinéticas, a exposição MOTO apresentará um conjunto heterogêneo de obras revelando uma diversidade que é traço marcante da minha produção desde o início, mas que nos últimos anos andava obscurecida."
A exposição conta ainda com uma instalação em homenagem ao artista popular Selarón, intitulada Suicidaram Selarón.
“Selarón foi encontrado carbonizado em janeiro 2013 na Escadaria que leva seu nome e fica na mesma rua onde funciona meu ateliê na Lapa há mais de 10 anos. Nesse período de convivência tivemos inúmeros encontros e fiz centenas de fotos da escadaria, dele trabalhando e de seus visitantes. Selarón azulejou com suas mãos a escada onde morava e trabalhava, sem lei Rouanet, sem captadores, sem produtores, sem patrocínio público ou privado. Construiu uma obra conhecida no mundo apenas com a colaboração de sua audiência, ao longo dos anos centenas de pessoas enviaram azulejos para ele. Uma obra colaborativa, interativa e em permanente processo. Ele criou, de uma tacada só, uma gigantesca obre de arte pública, um marco urbanístico e um ponto turístico. Ao azulejar sua rua desejava que esse gesto reverberasse pela região na forma de outras melhorias. Infelizmente isso nunca aconteceu. A Lapa segue abandonada pelo poder público e sob comando dos marginais”, escreve o artista no livro MOTO, que será lançado no segundo semestre.
No texto de apresentação da exposição, o escritor e ensaísta Francisco Bosco afirma: “a tensão — entre o mundo e a forma, o concreto e o abstrato, o significado e o significante, a heteronomia e a autonomia — que é o motor da obra de Raul Mourão está recolocada em um conjunto que ilumina o sentido geral de sua trajetória, consolidando-o, aprofundando-o e conferindo-lhe novas inflexões.”
sobre o livro
O livro MOTO, a ser lançado pela Automatica edições no segundo semestre de 2014, é um amplo ensaio visual sobre a trajetória do artista e inclui textos inéditos de Agnaldo Farias, Frederico Coelho, Felipe Scovino, Maria do Carmo Pontes, Eucanaã Ferraz e a participação de artistas convidados como Joshua Callaghan, Daniel Perlin, BNegão, Gustavo Prado e do fotógrafo, radialista e DJ Mauricio Valladares. O livro conta ainda com um encarte em homenagem ao artista popular Selarón, autor da escadaria que leva seu nome no bairro da Lapa no Rio de Janeiro e que foi encontrado morto na própria escadaria no dia 11 de janeiro de 2013. No encarte, a jornalista Karla Monteiro escreve sobre Selarón, sua obra, a misteriosa morte e os desdobramentos da investigação policial. Uma versão do livro estará disponível online no blog do artista no período da exposição.
sobre o artista
Raul Mourão é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro em 1967, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e atualmente vive e trabalha entre NY e Rio. Apresenta seu trabalho em exposições individuais e coletivas desde 1991. Suas obras, construídas com diversos materiais, desenvolvem um vocabulário plástico com elementos da visualidade urbana deslocados de seu contexto usual. Entre eles há referências ao esporte, à arquitetura, aos botequins e à sinalização de obras públicas. Em 2010 iniciou sua série de esculturas cinéticas que foram exibidas nas seguintes exposições individuais: Tração Animal, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2012); Processo, no Studio X, Rio de Janeiro (2012); Toque Devagar, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro (2012); Balanço Geral, no Atelier Subterrânea, Porto Alegre (2010) e Cuidado Quente, na Galeria Nara Roesler, São Paulo (2010); e também nas exposições coletivas Projetos (in) Provados, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro (2010); Ponto de Equilíbrio, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2010); Mostra Paralela 2010, no Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo (2010); Travessias, no Centro de Arte Bela Maré, Rio de Janeiro (2011); e From the Margin to The Edge, no Sommerset House, Londres (2012). Participou recentemente da 7ª Bienal de São Tomé e Principe (2013) e O Abrigo e o Terreno, uma das exposições inaugurais do Museu de Arte do Rio (2013).
Como curador e produtor organizou exposições individuais diversos artistas nacionais e as coletivas Travessias 2 (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro, 2013), Love’s House (Hotel Love’s House, Rio de Janeiro, 2002) e Outra Coisa (Museu Vale, Vila Velha, 2001). Foi editor das revistas de arte O Carioca e Item. Fez também a coordenação geral do espetáculo multimídia FreeZone,
que reuniu artistas de diversas áreas sob curadoria do poeta Chacal, no Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. Junto com Eduardo Coimbra, Luiza Mello e Ricardo Basbaum criou e dirigiu a galeria e produtora AGORA, que funcionou na Lapa, Rio de Janeiro, entre 2000 e 2002.
Em 2005 lançou o livro ARTEBRA pela editora Casa da Palavra e em 2011 lançou o livro MOV pela Automatica Edições.