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Nara Roesler São Paulo tem o prazer de anunciar New Grids: Baixos-relevos, trabalhos situados e in situ,  2021, mostra com trabalhos inéditos de Daniel Buren. Terceira exposição do artista na galeria, a mostra será inaugurada em 23 de agosto e fica em exibição até 13 de novembro de 2021. Para a ocasião, o curador Luiz Camillo Osorio conduziu uma entrevista inédita com o artista que será disponibilizada durante a mostra.

 


Daniel Buren é um dos mais importantes artistas de sua geração. Seu trabalho revolucionou o mundo artístico na década de 1960, alçando-o aos mais altos patamares da história da arte. Buren é um dos principais nomes da arte conceitual desde a década de 1960, quando atuou como um dos membros fundadores da associação Buren, Mosset, Parmentier, Toroni, permanecendo uma referência para o movimento até hoje.


Buren é conhecido principalmente por usar listras idênticas entre si, simétricas e contrastantes, alternando-as entre brancas e coloridas, em intervenções e instalações que integram superfícies visuais e espaços arquitetônicos. Buren começou a produzir obras de arte públicas não solicitadas usando telas de toldo listrado comuns na França – ele começou colocando centenas de pôsteres listrados em Paris (desde 1967/68) e, mais tarde (1970-1973), em mais de 100 estações do metrô da cidade, chamando a atenção do público para essas intervenções urbanas não autorizadas. As listras tornaram-se uma das assinaturas de Buren, gerando instalações icônicas, como a colunata listrada de preto e branco que ocupa o vão central do Palais-Royal em Paris desde 1986. Com o tempo, Buren introduziu a noção de ‘in situ’ nas artes visuais a fim de caracterizar a prática que vincula intrinsecamente as especificidades topológicas e culturais dos lugares onde a obra é apresentada.


Ao longo de sua trajetória, Daniel Buren produziu milhares de instalações ‘in situ’ ao redor do mundo. A grande maioria acaba por ser destruída ao fim de sua apresentação, fazendo com que sua existência seja circunscrita pelo tempo e espaço para os quais foram concebidas. Essa característica revela o poder renovador de sua prática, capaz de continuamente se reinventar a cada nova manifestação. Buren participou de mais de 2400 exposições, incluindo duas edições da Bienal de São Paulo (1983 e 1985), além de inúmeras edições da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel. Um importante corpo de obras permanentes do artista também pode ser encontrado em coleções dos principais museus do mundo, tais como Centre Pompidou, em Paris; o Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York; e a Tate Modern, em Londres, entre outros.


Suas obras mais recentes são instrumentos arquitetônicos cada vez mais complexos que dialogam constantemente com a arquitetura existente, envolvendo a alteração do espaço, a multiplicação lúdica de materiais e a explosão de cores. Para a exposição na Nara Roesler, Buren preparou uma série de trabalhos nos quais investiga as propriedades de diferentes cores e materiais em relação ao espaço, tais como cobre, alumínio, espelhos, latão e acrílico. Apesar dos conjuntos seguirem os mesmos princípios composicionais, eles apresentam cores e possibilidades reflexivas diversas, o que faz com que os trabalhos possam dialogar com o espaço de maneiras distintas, refletindo a luz com diferentes intensidades e cores. As obras também incorporam as icônicas listras de Buren que, intercalando preto e branco, evocam sua mais característica estratégia visual, remetendo à sua intenção inicial de se alcançar o absolutamente neutro.


New Grids: Baixos-relevos, trabalhos situados e in situ, 2021, por fim, apresenta trabalhos que sintetizam diversas questões, técnicas e materiais investigados por Buren em diferentes fases de sua produção. A exposição configura-se, então, como uma possibilidade do público brasileiro estar em contato com o trabalho desse importante artista que segue reelaborando sua prática e expandindo nossa sensibilidade ao propor trabalhos instalativos que desafiam nossa percepção.