Nara Roesler Nova York tem o prazer de apresentar A dobra no horizonte, mostra coletiva com curadoria do artista Marcos Chaves que reúne pela primeira vez um conjunto de obras de artistas fundamentais para a Arte Contemporânea Brasileira, que tiveram sua formação e primeiros anos de atividade artística entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990 no Rio de Janeiro. A articulação entre as obras visa destacar os interesses em comum dessa geração que, mesmo sem dar origem a um movimento ou grupo, partilhava dos mesmos anseios e inquietações, criando um espaço de trocas intelectuais e afetivas propício para a consolidação de práticas que viriam a se tornar representativas da arte brasileira do período. A dobra no horizonte abre ao público no dia 24 de junho e fica em exibição até 13 de agosto de 2022.
Segundo o artista e curador da mostra Marcos Chaves, o fio condutor que direcionou a escolha das obras da exposição é sua relação com a linha do horizonte, um marco constante na paisagem do Rio de Janeiro. Contudo, mais do que um dado da paisagem, o horizonte, na mostra, é uma metáfora. No Brasil, os anos 1980 ficaram conhecidos pelo movimento de retomada da pintura, sob influência do neoexpressionismo alemão, surgido no final dos anos 70. O grupo de artistas reunidos por Chaves, contudo, não aderiu às tendências da pintura gestual, direcionando suas pesquisas para o campo da materialidade, em proposições que mesclavam escultura, pintura, desenho, instalação, fotografia e vídeo, questionando as fronteiras entre os meios. Nesse sentido, esse grupo de criadores compartilhava de um mesmo horizonte estético, delineado pelas mesmas inquietações criativas, que viria a se desdobrar, nos anos seguintes, em linguagens próprias.
Chaves, que ano passado foi tema de uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, apresenta ao público trabalhos menos conhecidos de artistas consagrados, assim como recupera outros nomes fundamentais para época, oferecendo um panorama que nos convida a revisitar suas práticas, percebendo afinidades e diferenças entre suas produções.
A mostra inclui artistas representados pela galeria como a Brígida Baltar, que já teve individuais no Museum of Contemporary Art (2002), em Cleveland, OH, Estados Unidos, e no Firstsite (2006), em Colchester, Reino Unido, e Raul Mourão que teve individuais no Bronx Museum (2015) e na Nara Roesler (2021), ambos em Nova York ; ao lado do próprio Marcos Chaves e de artistas como Ernesto Neto, um dos principais nomes brasileiros no campo da escultura e instalação, cujos projetos já foram apresentados em três edições da Bienal de Veneza (2017, 2003 e 2001), e Fernanda Gomes, que integra as coleções do Tate Modern, em Londres, Reino Unido, e do Art Institute, em Chicago, IL, Estados Unidos. Participam também Ricardo Basbaum, Ricardo Becker, Enrica Bernardelli, Carlos Bevilacqua, Roberto Cabot, Rodrigo Cardoso, André Costa, José Damasceno, Fernanda Gomes,Tatiana Grinberg, Carla Guagliardi, João Modé, e Marcia Thompson.
Nas palavras de Chaves, sua curadoria reúne "artistas que dividiam ideias, afetos e a mesma praia. Assim, escolho esses trabalhos através da minha memória afetiva”. A afetividade serve então como mais uma camada que nos permite compreender a coesão entre práticas distintas não só como uma busca formal orientada pelos mesmos princípios, mas como fruto de um convívio que possibilita a troca de ideias e experiências capazes de fomentar suas produções.
A mostra faz parte do Roesler Curatorial Project, iniciativa que, sob direção de Luis Pérez-Oramas, reafirma o compromisso da galeria com projetos inovadores e experimentais.