Nara Roesler tem o prazer de apresentar a primeira individual de Xavier Veilhan no Rio de Janeiro. A mostra, que abre ao público no dia 10 de setembro, constitui uma oportunidade única de ver trabalhos inéditos de um dos grandes nomes da arte contemporânea francesa, destacando a originalidade das suas proposições que tensionam o bidimensional e o tridimensional e exploram seu interesse particular em criar espaços e contextos que alteram a experiência do espaço e a percepção do tempo. No dia 12 de setembro, às 19h, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) realiza uma exibição especial com alguns dos filmes de Veilhan e de outros criadores nunca antes vistos no Brasil, seguida de uma conversa com o artista.
Xavier Veilhan (Paris, França, 1963) é conhecido por seu conjunto de trabalhos que transita entre escultura, pintura, instalação, performance, video e fotografia. Integrando as coleções de instituições como o Centre Georges Pompidou, o Museu de Arte Moderna de Paris, e tendo representado a França na Bienal de Veneza em 2017, seu trabalho é uma homenagem às invenções e aos inventores de nosso tempo por meio de uma linguagem artística que mistura os códigos da indústria e da arte. Para o artista, arte é “uma ferramenta visual através da qual devemos olhar para entender nosso passado, presente e futuro”.
Em 2022, convidado por Virginie Viard para criar o universo visual dos desfiles das últimas duas temporadas da Alta Costura da Chanel, em Paris, Veilhan desenvolveu uma instalação que combina espaços virtuais e físicos com esculturas geométricas monumentais e lúdicas, móbiles e rodas gigantes. Estes últimos, aproximam-se da poética visual do móbile e dos Cocardes, esculturas cinéticas circulares em madeira, que serão apresentados na Nara Roesler Rio de Janeiro ao lado de trabalhos característicos de sua prática.
Veilhan apresenta, ainda, exemplares da sua produção escultórica recente, que tem firmes raízes na prática do retrato. Nesse sentido, destacam-se, em sua produção, tanto as figuras de personalidades famosas, como os produtores musicais Brian Eno, Quincy Jones, Rick Rubin e Tom Moulton, retratados na série Producers, ou ainda de arquitetos como Le Corbusier e Richard Neutra para o projeto Architectones, quanto as figuras próximas do artista, amigos íntimos, assistentes do atelier, conferindo uma dimensão afetiva ao trabalho.
O processo de realização dessas figuras incorpora métodos e materiais tradicionais aliadas à tecnologia atual. Veilhan escaneia os corpos dos retratados, para manipular a imagem antes de sua realização final. Ainda que a ferramenta digital possibilite a confecção de uma escultura idêntica ao modelo, Veilhan, opera, quase sempre, não no sentido da representação fiel, mas buscando inserir elementos do artificial, seja através da geometrização da forma, seja ao propor efeitos que alteram a visão natural do espectador.
Nesse sentido, ressalta-se, a variedade dos materiais empregados por Veilhan em sua prática, entre os quais destacam-se a prata, a madeira maciça, o compensado de madeira e o concreto mineral. Este último, começou a ser empregado recentemente pelo artista a fim de minimizar os impactos ambientais de sua produção, preocupação que também o levou a utilizar verniz não poluente no acabamento de diversas peças.
A exposição inclui, por fim, obras da série Marqueteries, nas quais estão representadas imagens baseadas em fotografias das esculturas facetadas do artista, que segundo ele, representam uma espécie de tensão entre representação e a existência da imagem como objeto. Remetendo à técnica de marchetaria, Veilhan, faz uso de um recurso formal no qual emprega superfícies cromáticas – algumas delas opacas enquanto outras deixam os veios da madeira aparentes –, que se encaixam criando a ilusão de tridimensionalidade em uma aproximacão entre artesania e tecnologia.
Na ocasião da exposição, a artista brasileira Lucia Koch entrevistará Veilhan, em uma aproximação entre suas práticas artísticas, que têm a arquitetura e o espaço como conceitos norteadores em suas pesquisas.
