rio de janeiro 10.11.2022 - 11.2.2023

thiago barbalho depois que entra ninguém sai,

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Nara Roesler Rio de Janeiro tem o prazer de anunciar Depois que entra ninguém sai, primeira individual do artista Thiago Barbalho na capital carioca, marcando o início de sua representação pela galeria. A exposição tem curadoria de Raphael Fonseca e apresenta trabalhos recentes nos quais o artista investiga as possibilidades do desenho em papel, tela e também através da escultura. A mostra abre ao público no dia 10 de novembro de 2022 e segue em exibição até 28 de janeiro de 2023.

 

Thiago Barbalho tem despontado no cenário nacional com seus desenhos em grandes folhas de papel completamente cobertas por intrincadas formas em uma trama de narrativas a serem compostas pelo olhar do público. Seu trabalho tem sido reconhecido  tanto no contexto nacional, com uma obra recentemente adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, quanto internacional, sendo o único artista brasileiro a integrar o compêndio de desenho contemporâneo Vitamin D3, organizado pela editora Phaidon em 2021.

 

Em Depois que entra ninguém sai, Barbalho traz ao público o resultado da pesquisa desenvolvida nos últimos dois anos. “Dando prosseguimento ao seu interesse pelas relações entre desenho, pintura e cor, o artista apresenta trabalhos que se caracterizam pelo horror vacuum - ou seja, um "horror ao vazio" que nos convida a contemplar imagens cheias de detalhes. Sobre as superfícies de diferentes folhas de papel, Barbalho cria aglutinações de situações, figuras, manchas e traços que se acoplam umas às outras. Vistas de longe, essas imagens se destacam pela presença vibrante da cor, ao passo que, vistas de perto, são como uma trama onde prazer, humor, violência e nonsense se irmanam na justaposição de imagens ricas em possíveis interpretações”, escreve o curador Raphael Fonseca no texto que acompanha a mostra.

 

Esse período mais recente da produção de Barbalho é marcado pela mudança do artista da cidade de São Paulo, onde viveu uma década após deixar Natal, em 2010, para o interior do estado, onde esteve em maior contato com a natureza. É nesse momento que surgem os desenhos em tela que compõem a exposição. Apesar do suporte, esses trabalhos não são pinturas. Pelo contrário, Barbalho segue utilizando os mesmos materiais empregados nos trabalhos sobre papel. Significativamente menores do que estes últimos, esses trabalhos mantêm a noção de intimidade do gesto de desenhar.

 

Ainda sobre este conjunto de desenhos, Fonseca afirma: “vemos figuras individuais que, por meio de formas orgânicas e um expressivo uso da cor, se apresentam como retratos ou estudos anatômicos de seres fantásticos. Como em toda a sua pesquisa, os limites fictícios entre figuração e abstração, representação e exploração formal se bagunçam e se plasmam em uma coisa só.”

 

Na exposição, Barbalho apresenta, ainda, uma escultura inédita. A elaboração de Gônadas traz para o campo tridimensional elementos fundamentais do desenho do artista, como a preocupação com diferentes texturas, o uso de cores intensas e contrastantes, e as formas estranhas, frutos da fusão entre o familiar e o onírico. Segundo Barbalho, a escultura constrói-se a partir da junção de dois globos, que tanto remetem a olhos, quanto a órgãos reprodutivos, como ovários, e testículos, sustentados por escadas. Para o artista, “a obra parece incorporar a cultura do excesso de vigilância e de absoluta sedução visual da vida contemporânea para relacioná-la com os desejos sexuais e a sua fertilidade.” Barbalho experimenta as possibilidades de construção no espaço real de uma forma concreta que, ao mesmo tempo que exerce fascínio, mantém seu próprio mistério, aquele das possibilidades de sentido sempre abertos, sempre em transformação.


Depois que entra ninguém sai é um convite ao público para entrar em contato com o universo visual de Barbalho. Segundo Fonseca, o próprio título da mostra, além de ser uma metáfora do processo de criação do artista, também serve como metáfora para sua recepção. Afinal, “depois que o artista insere algumas formas sobre a amálgama de elementos de suas composições, lá estão elas se relacionando com outros elementos e abertas para o deleite de nossos olhos. De forma semelhante, depois que nosso olhar e corpo adentram o universo proposto por Thiago Barbalho, fica difícil esquecermos do mesmo.”