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Nara Roesler tem o prazer de apresentar O papel da mão, primeira individual do artista francês JR em São Paulo. Acompanhada de um ensaio do curador Marcello Dantas, a mostra se organiza em dois núcleos: no primeiro, o artista apresenta trabalhos inéditos, desenvolvidos especialmente para a mostra, além de uma intervenção original na fachada da galeria e, no segundo núcleo, estão reunidas obras emblemáticas de sua carreira que traçam um panorama de sua prática multidisciplinar. O papel da mão abre ao público no dia 25 de março e segue em exibição até 20 de maio. 


Em sua trajetória, o artista tem atuado de forma consistente para estabelecer novos meios de aprofundar seu interesse pelo outro, envolvendo as populações locais na realização de suas proposições e atuando como testemunha de uma comunidade em que seus habitantes não são meros espectadores mas sim sujeitos atuantes. Segundo o curador e autor de texto que acompanha a mostra, Marcello Dantas, "com suas obras, o artista põe em evidência os pequenos atores do cotidiano dentro dos grandes contextos contemporâneos. JR fala dos outros mais do que de si: sua matéria prima são as histórias humanas que, amplificadas, traduzem o espírito de um tempo e da nossa condição.”  


Suas intervenções em grande escala em espaços públicos tornam visíveis tensões e conflitos presentes no espaço urbano, chamando a atenção do público, para além dos visitantes típicos de museus, ao espalhar seus trabalhos nos edifícios das periferias de Paris, nas paredes do Oriente Médio, nas pontes quebradas da África ou nas favelas do Brasil. JR já concebeu e realizou filmes, instalações, intervenções e trabalhos em diferentes linguagens, colaborando com o New York City Ballet, OSGemeos, Agnès Varda, Robert De Niro, entre muitos outros artistas. 


Dando continuidade ao interesse pelo indivíduo, exercitado ao longo de sua atuação, em  sua primeira individual em São Paulo, JR apresenta uma série inédita de colagens fotográficas em que a mão aparece como protagonista. O modelo para o trabalho é sua própria mão, que foi fotografada aberta, espalmada, em um gesto que pode remeter às marcas deixadas por nossos ancestrais em cavernas ao redor do mundo. A mão do artista torna-se assim, uma espécie de autorretrato, uma marca da sua individualidade. Com esse gesto, JR busca valorizar nossa ferramenta mais básica e primária, em imagens que refletem sobre a potência criadora de nossa espécie e sobre a sua capacidade de deixar marcas na humanidade. 


A própria montagem dos trabalhos evoca uma certa corporeidade: o artista imprime as fotografias em preto e branco sobre superfícies de madeira do mesmo formato da imagem, dispondo essas estruturas diretamente sobre as paredes da galeria e sobrepondo-as em composições emolduradas, criando um efeito de tridimensionalidade. A ausência de cor, uma das marcas características de seu trabalho, por sua vez, realça o caráter documental da fotografia ao mesmo tempo em que faz referência aos trabalhos do início de sua carreira. 


Já no andar superior da galeria, estão reunidos trabalhos icônicos de sua carreira, em especial, as fotos que documentam suas gigantescas intervenções em espaços públicos ao redor do mundo como o projeto Inside Out, realizado no Highline Park, em Nova York, em 2011; a intervenção realizada no Palais de Tokyo, em Paris, em 2020, a intervenção Les Falaises, diante da Torre Eiffel, no Trocadéro, em Paris, em 2021; a intervenção na Pirâmide do Louvre, também em Paris, em 2019, entre outros. 


Por ocasião da mostra, será exibido, pela primeira vez, no Brasil, Paper and Glue, documentário que apresenta a trajetória do artista desde seus primeiros vídeos de graffiti captados nos telhados de Paris, até suas intervenções em grande escala na divisa EUA-México, nas favelas do Rio de Janeiro, até seu projeto mais recente em uma prisão de segurança máxima na Califórnia.