A Nara Roesler Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar Infinitos outros, a partir do dia 20 de maio, uma exposição individual com obras inéditas do celebrado artista pernambucano José Patrício. Com texto da curadora Ariana Nuala, a mostra conta com 13 obras de quatro séries distintas – Progressão Cinética, Afinidades Cromáticas, Espirais Cinéticas e Conexões Cromáticas –, nas quais o artista exercita a criação de uma unidade através das possibilidades do imprevisto.
“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. Para realizar as obras com botões, o artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “totalizando 3.600 quadradinhos que são preenchidos com os botões”. Cada obra é quase totalmente preenchida pelos botões, com apenas um espaço central que permanece vazio. “As formas de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das sequências que serão criadas ali na estrutura”. As exceções são Espirais cinéticas II (2022) e Espirais cinéticas III (2022), dois dípticos que têm um viés cinético e utilizam a estrutura de 112 dominós, recorrente no trabalho do artista.
José Patrício não utiliza projetos ou desenhos para criar seus trabalhos. “Cada obra tem suas exigências. Tenho trabalhado com procedimentos muito precisos. Eu lido muito com o imprevisto, com o aleatório. Na maioria das vezes eu não sei qual será o resultado final. Isso não me preocupa muito também”, afirma. Para ele, a repetição é a chave-mestra de seu trabalho, “Como a frase de Nelson Rodrigues – “Eu não existiria sem minhas repetições”– , "a cada concretização de uma obra, o trabalho consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.
Outro aspecto recorrente no trabalho de José Patrício são as espirais. Diante das quase infinitas possibilidades de combinação dos botões, ele trabalha com dois movimentos contrários, que geram duas espirais inversas. Ele destaca que “a espiral é que me ajuda a estruturar a obra e a montagem do trabalho se dá gradativamente, seja do centro para a borda, seja da borda para o centro."
“Meu trabalho é muito racional, mas lida com esse outro aspecto que é o acaso, a questão do imponderável, do improvável. É sempre esse jogo entre ordem e acaso. Só o fato de organizar esses elementos em uma grade, numa malha, esta ordem já traz algo de harmonia. Harmonia que pode se dar inevitavelmente por essa organização, independente de escolha”.