Após inaugurar o seu novo espaço expositivo com a bem-sucedida mostra assinada pelo curador e colecionador mexicano Patrick Charpenel, da Colección/Fundación Jumex, em setembro deste ano, a galeria Nara Roesler dá continuidade ao Roesler Hotel – projeto curatorial criado para promover diálogos entre o Brasil e a comunidade mundial das artes plásticas –, com a chancela do mais internacional dos artistas brasileiros em atividade. Vik Muniz, o segundo convidado da série, responde pela curadoria da mostra coletiva Buzz, dedicada exclusivamente à Op-Art (arte ótica), com abertura no dia 1 de dezembro deste ano e encerramento em 23 de fevereiro de 2013. O paulista, que fizera trabalhos como curador para o Museum of Modern Art (MoMA) e Metropolitan, ambos em Nova York, e para o Museé d'Orsay, em Paris, já confirmou a inclusão de obras dos brasileiros Abraham Palatnik e Israel Pedrosa, da inglesa Bridget Riley e do francês François Morellet, alguns dos principais representantes do gênero, cujo conceito se fundamenta na distorção da percepção visual do espectador. A seleção também inclui trabalhos de Fred Tomaselli, Olafur Eliasson, Tauba Auerbach, Wayne Gonzales e Yayoi Kusama, entre as mais de cinquenta obras do catálogo da exposição. A lista completa será anunciada nas próximas semanas.
"Tenho um fascínio muito grande com a coisa perceptual da arte. Sempre quis realizar uma mostra de Op-Art", conta Muniz, que desde agosto, em busca de novos laços com o mercado de arte e de um ambiente que acolhesse a sua polivalência, passou a integrar o time da galeria Nara Roesler, prestigioso espaço com mais de 20 anos de atuação e um portfólio que reúne cerca de 30 nomes conceituados da arte contemporânea, entre nacionais e estrangeiros.
Quase meio-século depois da realização da mostra The Responsive Eye, no Moma, em Nova Iorque, o paradigma envolvendo a importância da Op-Art na história da arte moderna continua. A seminal exposição de 1965, que marcou o primeiro contato significativo do público com o programa idealizado pelo visionário fomentador da abstração Bill Seitz, apesar de ser sumariamente desprezado como uma moda passageira pelos olhares do crítico Clement Greenberg e do artista Donald Judd, foi um tremendo sucesso de visitação.
Democrático e despretensioso, o enorme apelo popular do gênero abafou as vozes dos críticos que o condenavam como uma forma inferior de arte. A mostra Buzz revela a persistência de traços que a Op-Art deixou para as gerações seguintes desde o seu mergulho na obscuridade e sua importância renovada dentro do contexto de uma atmosfera midiática dominada pelos discursos da ciência e do consumo de imagens.
“Dentro de um mundo onde os papéis subjetivos do crítico e editor têm sido pulverizados e a crescente democracia de representações tem estimulado um apetite ainda maior pela evidência do fenômeno em si, a Op-Art pode se tornar um indicador de um novo estado de evolução estética, mais instintivamente conectado ao seu conceito tecnológico e emancipado da tirania da avaliação crítica”, aposta o artista.