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A Nara Roesler Nova York tem o prazer de apresentar People and Natural Numbers, primeira individual de Lucia Koch na cidade. A mostra é acompanhada de texto assinado pelo arquiteto e educador Mark Lee e reúne cerca de 14 trabalhos recentes que desdobram a pesquisa que a artista vem empreendendo nas últimas décadas e que tem e espacialidade como seu eixo principal


Um dos destaques da exposição é o conjunto de trabalhos da série Numbers, desenvolvida por Koch ao longo do ano de 2024 e que tem como ponto de partida a série intitulada Fundos, na qual Koch fotografa o interior de caixas e embalagens e, através de ampliações e do uso da iluminação natural, confere um caráter arquitetônico a estes objetos, como se fossem extensões do próprio espaço em que se situam. Assim como em Fundos, a base para a realização dos trabalhos recentes são caixas de papelão e embalagens. Em Numbers, no entanto, a artista destaca as cavidades e aberturas presentes nestes objetos, fazendo referência a elementos arquitetônicos, como janelas, grades e outras aberturas, cujas quantidades são referenciadas nos títulos dos trabalhos. 


Em People, outra série escultórica recente, a artista se inspira em uma série de trabalhos realizados pelo artista francês Francis Picabia (1879–1953) durante sua estadia em Nova York, em 1914. Por meio de desenhos de máquinas incompletas, Picabia criava retratos mecanomorficos de pessoas de seu círculo social. People tem um ponto de partida semelhante: através de objetos, espelhos, fontes de luz e projeções, a artista cria jogos e interações entre os elementos, de modo a evocar presenças no espaço, como se fossem pessoas. O mesmo ocorre em A esposa, obra em que Koch explora a tradução de desenhos em objetos que não existiriam por si só.


De acordo com Mark Lee, que assina o texto da exposição: “A relação recíproca entre a obra de arte e o espaço ao redor, seja ele imediato ou distante, contingente ou projetivo, sempre foi persistente no trabalho de Koch. Conhecida há muito tempo pelo uso de elementos arquitetônicos como janelas, cortinas, papel de parede, telas ou outdoors para alterar os ambientes ao redor, suas intervenções sempre foram convites generosos à descoberta, à participação e à interação. Juntamente com os componentes de construção, a cor é tratada como um espaço a ser habitado em vez de uma camada a ser aplicada”.