No dia 19 de novembro, o artista carioca Marcos Chaves abre sua terceira exposição individual da Galeria Nara Roesler. Desde os anos 1990, o artista vem desenvolvendo trabalhos que se caracterizam principalmente por darem novas leituras a objetos e cenas cotidianos, a partir de um olhar irônico e aguçado. Marcos Chaves participou da 25ª Bienal de São Paulo, e das 1ª e 4ª edições da Bienal do Mercosul, além de exposições individuais e coletivas por todo o mundo. Marcos Chaves acaba de voltar de uma residência artística em Pequim, China, que fez a convite da curadora sino-brasileira Sarina Tang. Lá, produziu trabalhos que deverão integrar uma exposição na capital chinesa em 2012. “Fiz trabalhos inspirados na tradição chinesa e me impressionei com a falta de natureza. A poluição é tão grande que você olha para o céu e nunca vê estrelas”, explica Chaves.
Em 2008 o artista iniciou uma série de trabalhos apresentada na exposição individual É da sua natureza, no espaço Oi Futuro, no Rio de Janeiro. A pesquisa que começou ali deu origem à presente exposição, Pieces. Enveredando agora pela temática da paisagem natural, o artista mostra quatro painéis de fotografias montadas em um complexo esquema de sobreposições.
Também será exibido o vídeo A árvore que caminha, que mostra uma imponente árvore da espécie Ficus microcarpa, que fica no Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Em função de suas raízes, que se penduram nos troncos, ela atravessa a passagem dos transeuntes que se deslocam entre a Central do Brasil e o centro da cidade. As longas raízes formam uma grande franja que se estende até quase tocar a cabeça dos passantes.
Segundo Marcos, “as diferentes camadas acabam por formar uma imagem única que não necessariamente corresponde ao instantâneo de tal paisagem, caso ela fosse fotografada de uma só vez. Nosso olhar não poderia absorver a totalidade do que é visto, sem que houvesse um intervalo entre as ações, sejam elas uma pequena variação de luz, um leve movimento causado pelo vento ou mesmo um animal que se move na paisagem. O tempo entra como um elemento fundamental no trabalho”.
Foi também a partir da experiência na Ásia que Marcos pôde entrar em contato com o curador Simon Kirby, que escreveu o texto crítico para a exposição Pieces. Kirby define Chaves como o mais carioca dos artistas, além de transformar seus trabalhos em uma entrega enigmática, silenciosa e persuasiva.