A Galeria Nara Roesler tem o prazer de anunciar a primeira exposição dos trabalhos de Julio Le Parc em seu espaço em Nova York. A Galeria, que representa Julio Le Parc há quase duas décadas, já teve o prazer de expor suas obras no Brasil em várias ocasiões. Intitulada Julio Le Parc 1959 – 1970, esta nova exposição inclui objetos cinéticos, relevos, pinturas e uma instalação de luzes imersiva do mestre da arte cinética e acontece de 07 de outubro a 17 de dezembro de 2016.
Ativo há 60 anos e considerado um pioneiro da Arte Cinética e da Op Art, Julio Le Parc convida seu público a descobrir novas formas de interação com o espaço em trabalhos lúdicos, visionários e atemporais. A mostra na Galeria Nara Roesler apresenta um pequeno conjunto de trabalhos representativos da vasta produção de Le Parc. Julio começou a pensar tridimensionalmente já em 1950, pesquisando os conceitos de movimento, instabilidade e probabilidade em suas obras. Essas obras compõem uma série intitulada Continuels-Mobiles, em alusão à intenção do artista de manter a obra de arte em movimento contínuo. Mobile rouge sur blanc é composto por 250 peças acrílicas vermelhas transparentes de 70mm, suspensas verticalmente por fios de nylon em fileiras uniformemente espaçadas e fixadas numa placa de metal. Os fios de nylon estão frouxos, permitindo que as peças vermelhas se movimentem de forma independente com as correntes de ar e criando efeitos óticos contrastantes com a brancura estática da superfície por trás delas. Esta obra em particular inaugura a busca de Le Parc, em seus primeiros trabalhos, por expandir o papel do espectador, incorporando contingências externas como elementos fundamentais de seu trabalho.
Ao mesmo tempo, Le Parc começa a empreender inúmeros experimentos com luzes projetadas de diversas formas em salas escuras. Para esta exposição, a Galeria Nara Roesler instalou Lumière en movement, montada num espaço escuro com uma fonte de luz artificial colocada no meio da sala, que ilumina discos suspensos do teto por fios de nylon. A parte inferior dos discos recebe os raios de luz e seus reflexos movimentam-se livremente pelas paredes, criando um ambiente de luz imersivo que hipnotiza o espectador. Assim como nos acrílicos vermelhos, esses objetos pendurados no teto podem assumir qualquer posição, já que giram independentemente uns dos outros. O desejo do artista de se distanciar da ideia da arte como algo estável e singular pode ser vivenciado plenamente nessas duas obras, que estão em constante movimento e mutação.
No cerne da prática de Le Parc há o desejo de fazer dos espectadores e de sua experiência uma parte integrante do trabalho. A série Salle de jeux, iniciada em 1964, convida à participação, com obras que possibilitam um jogo entre participante e obra. Jogos estão disponíveis numa sala para serem jogados por grupos de pessoas. Esses jogos foram criados como diversão, mas também para incentivar a interação social. Na obra Jeu visual, incluída na exposição, aletas giram em movimento circular, em direções opostas, ao serem ativadas pelo espectador.
Também na década de 1960, Le Parc iniciou uma série de desenhos em relevo. O artista se concentrou na interação entre luz, sobra e reflexo em trabalhos compostos de placas metálicas que lentamente perdem sua presença e se fundem com as formas criadas pelos reflexos, sombras e alterações. O trabalho é dividido ao meio por uma placa refletora que fraciona a imagem ao fundo em múltiplos e cujo movimento é ativado pelo movimento do espectador. A opção de Le Parc por formas geométricas básicas amplia a experiência de multidão e movimento que a obra proporciona. Assim como muitos outros, este trabalho possui várias camadas que podem ser manipuladas pelo público.