Com Flags , a Fundação Boghossian explora a questão do território, identidades múltiplas e diálogo intercultural. As bandeiras ocupam um lugar constante na arte, desde a pintura histórica clássica até as instalações contemporâneas.
Com a justaposição de suas tiras de tecidos coloridos, as bandeiras estimularam os pintores com suas qualidades de abstração, muito antes da arte abstrata preferir campos cromáticos à representação da realidade. Tricolor ou monocromático, cada cor ou combinação de cores evoca imediatamente referências que encontramos repetidamente na criação artística.
A sua ressonância política e simbólica tem sido o pretexto primordial para a inclusão das bandeiras nas obras de arte. Uma bandeira pode servir para representar uma nação, para celebrar uma vitória ou a conquista de um território, mas também para simbolizar e defender uma causa. A liberdade guiando o povo ou as ruas sinalizadas caras aos pintores impressionistas e fauvistas são exemplos marcantes, assim como as obras mais contemporâneas de Gérard Fromanger e Mounir Fatmi.
Uma bandeira pode dar mensagens contraditórias: pode evocar críticas implícitas a regimes ou ditaduras dominantes, mas também pode exaltar a adesão de uma nação à sua identidade, por exemplo em reação a um ato de terrorismo, como vimos após os ataques Charlie Hebdo. Ou ainda com o uso frequente da bandeira americana na iconografia.
Sendo uma bandeira um objeto sagrado, a destruição voluntária da bandeira de um país é vista como um ato altamente subversivo punível por lei, enquanto o padrão de suas cores é registrado nas constituições nacionais.
Mas uma bandeira também é um objeto, um ícone frontal para Jasper Johns, um módulo de preenchimento de espaço nas instalações de Daniel Buren, uma imagem com múltiplos significados para Marcel Broodthaers etc.
São estes e muitos outros usos das bandeiras na arte moderna e contemporânea que esta exposição procura reunir num percurso transnacional de trocas e confrontos.