No início da década de 1970, Angelo Venosa (n. 1954, São Paulo, Brasil - m. 2022, Rio de Janeiro, Brasil) frequentou a Escola Brasil, espaço experimental de ensino de arte. Em 1974, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI-UERJ). Na década de 1980, assiste a cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, epicentro da chamada “Geração 80”. Venosa se distingue de grande parte dos artistas de sua geração, marcada pela retomada da pintura, por ter se dedicado à escultura. Seus trabalhos em madeira, envoltos por tecido, resina e fibra de vidro, ou compostos por cera de abelha e dentes, evocam volumes incomuns, fundando uma temporalidade ambígua, emanando referências a eras ancestrais. Essa sensação se amplia pela tensão entre as formas e os materiais empregados.
Sobre seus trabalhos, sintetiza o crítico Lorenzo Mammi: “Ainda mais adequado, talvez, para comentar essas obras, seja um trecho de A montanha mágica, de Thomas Mann: ‘O que era, então, a vida?... era uma febre da matéria... Não era nem matéria nem espírito. Era qualquer coisa entre os dois, um fenômeno sustentado pela matéria, tal e qual o arco-íris sobre a queda-d’água, e igual à chama. Mas, se bem não fosse material, era sensual até a volúpia e até o asco.’
“A precisão técnica da análise e o prazer artesanal da construção, sempre presentes nos trabalhos de Venosa, concorrem para construir não um objeto, mas um corpo, com todas as ressonâncias de alheamento e ameaça que esse termo possa ter. A mosca acaba incorporando a máquina, ou vice versa, no entanto, no resultado final, a vida permanece como um ruído surdo, irredutível, inquietante."
Sua trajetória, inclui a participação na 45ª Bienal de Veneza, na Itália (1993), na 19a Bienal de São Paulo (1987), no Brasil, e na 5ª Bienal do Mercosul, no Brasil (2005), além da mostra Modernidade: Arte brasileira do século XX (1987), no Musée d´Art Moderne de La Ville de Paris, França. Em 2012, por ocasião de seus 30 anos de carreira, foi realizada uma mostra retrospectiva no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), com itinerância na Pinacoteca de São Paulo (2013), no Palácio das Artes (2014) , em Belo Horizonte, e no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães MAMAM (2014), em Recife.
Exposições realizadas nos últimos anos, como Angelo Venosa, em 2024 na Nara Roesler, em Nova York, Estados Unidos, Angelo Venosa Escultor, em 2023 na Casa Roberto Marinho, Penumbra, em 2018 no Museu Vale do Rio Doce, em Vitória, e Catilina, no ano seguinte no Paço Imperial do Rio de Janeiro, são fruto da constante experimentação do artista. Suas obras mais recentes, apresentadas na mostra Quasi, na galeria Nara Roesler, no Rio de Janeiro, e a instalação de abertura do Projeto Clareira, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), em 2021, parecem revisitar os trabalhos dos anos 1980, ao retomar os mesmos materiais e corporeidade, embora proponham outro diálogo entre escultura e espaço. Esculturas públicas de Venosa podem ser vistas no Rio de Janeiro: na Praia do Leme, no Museu do Açude e nos jardins do MAM Rio; em São Paulo, podem ser encontradas no Jardim do Museu de Arte Moderna, no Parque do Ibirapuera, e na Pinacoteca do Estado, no Jardim da Luz; em Curitiba, no Parque José Ermírio de Moraes e no Rio Grande do Sul, no Parque Municipal de Batuva, em Santana do Livramento. O artista possui obras em acervos de museus e instituições, entre os quais Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), Niterói, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), Madri, Espanha.