6.12.2016

trip transformadores | 2016 - berna reale

berna reale

A artista paraense Berna Reale conta que seu amigo mais antigo gosta de dizer que na hora em que ela recebeu palmadas do médico assim que nasceu, ela não chorou, mas perguntou porque estava sendo agredida. A alegria com a qual narra o pequeno causo contrasta com o rigor e comprometimento artístico das performances pelas quais denuncia episódios de injustiça e violência. Considerada umas das artistas mais importantes do cenário contemporâneo brasileiro, Berna diz que perdeu a conta da quantidade de trabalhos que produziu – atividade artística que se intensificou depois que passou a trabalhar como perita criminal em 2009. De lá para cá, foram 12 vídeos de performances e mais de 20 instalações em fotografia. Se de um lado está a sua arte, de outro está o seu trabalho como perita. Segundo Berna, ela já esteve em mais de 400 cenas de crimes. Essas múltiplas faces do cotidiano de Berna servem de matéria-prima para a transformação de suas ideias em ação – ou, como ela prefere chamar, resistência. “Tenho uma vida caótica e meu processo artístico vai nesse mesmo sentido”, diz. Berna representou o Brasil na Bienal de Veneza de 2015, uma das mais importantes mostras de arte contemporânea do mundo. No começo deste ano, a artista e perita criminal denunciou um caso de agressão no Instituto de Criminalística de Belém (PA). Ela diz ter sido ameaçada e prensada contra a parede por um superior. O caso está sendo analisado.