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Nara Roesler Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar A dobra no horizonte, mostra coletiva com curadoria do artista Marcos Chaves que reúne uma seleção de trabalhos de 14 artistas cariocas que despontaram no cenário artístico entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. A articulação entre as obras visa destacar os interesses em comum dessa geração, ao mesmo tempo em que afirma a originalidade de suas abordagens. A dobra no horizonte abre ao público no dia 23 de março e fica em exibição até 14 de maio de 2022.

 

Segundo o artista e curador da mostra Marcos Chaves, o fio condutor que o conduziu na escolha das obras da exposição é sua relação com a linha do horizonte, vista constante dos cariocas. Mais do que um dado da paisagem, o horizonte, na mostra, é uma metáfora. Os anos 1980 ficaram conhecidos pelo movimento de retomada da pintura, sob influência do neoexpressionismo alemão, surgido no final dos anos 70. O grupo de artistas reunidos por Chaves, contudo, não aderiu às tendências da pintura gestual, direcionando suas pesquisas para o campo da materialidade, em proposições que mesclam escultura, pintura, desenho, instalação, fotografia e vídeo, questionando as fronteiras entre os meios. Nesse sentido, esse grupo de criadores compartilha de um mesmo horizonte estético, delineado pelas mesmas inquietações criativas, que viria a se desdobrar, nos anos seguintes, em linguagens próprias.

 

Um dos pontos de encontro para esses artistas é, segundo Chaves, a virada do milênio, marcada pela passagem do mundo das tecnologias analógicas para as digitais. Um exemplo, são as películas de filmes perfuradas manualmente pela artista Enrica Bernardelli, um gesto que parece buscar abrir a matéria para o tempo presente. Por outro lado, os desenhos de André Costa, apresentados junto a uma de suas esculturas, nublam os limites entre desenho e escultura, ao apresentar a linha, tanto como elemento gráfico, quanto físico. 

 

Já Ernesto Neto e Fernanda Gomes, utilizam-se de objetos comuns, o primeiro com pedra e tecido e a segunda com guimbas de cigarros, para criar estruturas precárias que se relacionam com o espaço em que se inserem. As obras de Ricardo Becker, por sua vez, investigam as propriedades do vidro para nos interrogar sobre os mecanismos de nossa percepção. Em Raul Mourão, nos deparamos com comentários irônicos sobre a prática escultórica, a partir de Brancusi, e sobre o desenho. Integram também a mostra os artistas Carlos Bevilacqua, Carla Guagliardi,José Damasceno, Marcia Thompsom, Roberto Cabot, Rodrigo Cardoso e Tatiana Grinberg.

 

A seleção de Chaves traz ao público trabalhos menos conhecidos de artistas consagrados, assim como recupera outros nomes fundamentais para época, oferecendo um panorama que nos convida a revisitar suas práticas, percebendo afinidades e diferenças entre as produções desses artistas. Segundo Chaves, "minha curadoria obviamente é de artistas que dividiam ideias, afetos e a mesma praia. Assim, escolho esses trabalhos através da minha memória afetiva”. A afetividade serve então como mais uma camada que nos permite compreender a coesão entre práticas distintas não só como uma busca formal orientada pelos mesmos princípios, mas como fruto de um convívio que possibilita a troca de ideias e experiências capazes de fomentar suas produções.

 

A dobra no horizonte faz parte do Roesler Curatorial Project, iniciativa que, sob direção de Luis Pérez-Oramas, reafirma o compromisso da galeria com projetos  inovadores e experimentais, estimulando novos diálogos no circuito artístico.

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