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Com abertura no dia 15 de fevereiro, Roesler Hotel #25 -- Dispositivos para um mundo (im)possível exibe um recorte da produção artística contemporânea a partir da década de 1980, buscando convergir poesia e política, estética e ética em obras que, segundo a curadora Luisa Duarte, "partem da constatação do fim das utopias modernas” e das quais “surge uma espécie de niilismo ativo, bem como a sobrevivência de algum valor crítico, humanista, e remotamente esperançoso”.

O ano de 1989 é uma das balizas da exposição: a queda do muro de Berlim, o fracasso dos governos de aspirações igualitárias, a ascensão dos yuppies e o êxito das políticas individualistas e liberais na contramão dos movimentos das décadas imediatamente anteriores, são contemporâneos à série de pinturas de Leonilson, nas quais o artista escreveu: "Leó não consegue mudar o mundo". Trazer Leonilson como ponto de partida talvez seja considerar que toda reflexão sobre uma nova possibilidade de vida em sociedade passe, prioritariamente, por uma verdadeira tarefa política de reconstrução de nossos afetos. Em diálogo com a sentença cética do artista, a mostra reúne trabalhos que refletem sobre os sonhos da modernidade e suas falhas. Não se entregando à desistência cínica ou a uma ingênua crença em mudanças através de obras de natureza assistencialista. Os trabalhos selecionadas apresentam novas possibilidades a partir do atual cenário, "como aberturas cultivadas entre ruínas de um projeto moderno inacabado".

Em Dispositivos para um mundo (im)possível, a arte, como testemunho de seu tempo e em diálogo constante com a sociedade, retoma a "digressão sobre o fim das utopias, mas (…) relativiza o caminho para 'se salvar' da impotência deste diagnóstico. A aposta aqui é na delicadeza, na crença convivendo com a desesperança. No possível como um espaço a ser questionado nos seus aspectos libertadores", comenta a curadora.

Obras de André Komatsu, Antonio Dias, Carlos Bunga, Carlos Garaicoa, Clarissa Tossin, Felipe Arturo, Guido van der Werve, Jorge Macchi, Laercio Redondo, Lais Myrrha, Leonilson, Lucia Koch, Marcius Galan, Marilá Dardot, Melanie Smith, Milton Machado e Nicolás Robbio fazem parte da exposição.

sobre a curadora
Luisa Duarte é curadora independente e mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Crítica de arte do jornal O Globo e membro do conselho consultivo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi coordenadora do ciclo “A Bienal de São Paulo e o meio artístico brasileiro” na 28ª Bienal de São Paulo (2008), curadora da mostra Um outro lugar (Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2011), e integrou a comissão curatorial do Programa Rumos Artes Visuais (Itaú Cultural, 2005/2006). Organizou, com Adriano Pedrosa, o livro ABC - Arte Brasileira Contemporânea, publicado pela editora Cosac Naify em 2014. Vive entre São Paulo e Rio de Janeiro.