sobre

Depois de ser apresentada no México, a Galeria Nara Roesler traz a São Paulo a produção recente de Artur Lescher, em Asterismos. O substantivo plural, que dá título à exposição, designa um padrão proeminente ou conjunto de estrelas que, visto da Terra, remete a formas geométricas e figuras reconhecíveis. Ao contrário de uma constelação, no entanto, o termo não tem reconhecimento oficial pela comunidade científica. As cerca de dez esculturas e uma instalação reunidas transformam o cubo branco em um novo espaço cósmico inspirado na ideia de “asterismo”, esse lugar indecifrável pela ciência.


Além da leveza que já atribuía a suas obras em metal ou madeira, nesta nova série de trabalhos, Artur Lescher (1962, São Paulo, Brasil) evidencia a transparência ao utilizar fios de multifilamento em algumas de suas esculturas e, principalmente, na instalação pensada especialmente para o espaço da Galeria. Desde o começo de sua produção, aos 22 anos de idade, o artista tem permanente interesse pela síntese, pela tensão e pela instabilidade no território das formas e do espaço, como meio de construção de paisagens incomuns.


A instalação, ao fundir várias formas geométricas, cilindros e cones feitos de latão, fios de multifilamento e aço inoxidável, dissolve as peculiaridades de cada elemento e forja algo que não se limita aos cânones da geometria e da arquitetura. Segundo Lescher, os materiais são atores, com inclinações e potências próprias que, combinadas, compõem um diálogo entre si e com o espaço circundante.


A exposição na Galeria Nara Roesler | São Paulo contará com texto de autoria de Juliano Pessanha, autor convidado da Flip 2018 e ganhador do prêmio APCA pelo livro Testemunho Transiente (Cosac Naify, 2015).

Vistas da Exposição

artur lescher: asterismos -- vista da exposição/exhibition view -- galeria nara roesler | são paulo -- foto/photo © Everton Ballardin cortesia do artista e/courtesy of the artist and galeria nara roesler

Press

  • artur lescher and the ethics of constructive geometry Download

    artur lescher and the ethics of constructive geometry

    Claudia Fazzolari, ArtNexus 11.9.2018

Texto Crítico

  • poética da elevação

    juliano garcia pessanha
    Se o peso goza dos privilégios do realismo e tem a seu lado as durezas da vida, a leveza parece minoritária e paradoxal. Não é um visionário aquele que busca liberar-se da atração gravitacional? Como ousar ficar suspenso quando tudo quer apoio e como proclamar as verdades da levitação quando todos nos apontam a queda como o destino final? No infindável debate entre o peso e a leveza e entre a preguiça do suporte e as tensões da suspensão, Asterismos, de Artur Lescher, responde com a vitória do leve e do ascensional. A maior parte dos objetos da instalação, apesar de dotados de grande massa, flutuam como iogues matemáticos e entidades levitantes. Os compostos por fios tensionados são atravessados pela luz e pela atmosfera do espaço; naqueles onde se identifica uma base como a parede ou o próprio chão, no caso da peça em que os fios partem de círculos que formam um nó borromeano, formam-se feixes relacionados com o alto. Na contramão do brutalismo do fático e...