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No dia 22 de junho, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler inaugura exposição individual do artista colombiano Alberto Baraya. Com obras resultantes de suas expedições pela Nova Zelândia, China (Shanghai), Colômbia (Teyuna), Austrália e Peru (Machu Picchu), entre 2009 e 2013, a mostra lança um olhar retrospectivo sobre as relações que o artista-viajante estabeleceu com os diversos contextos locais com que teve contato.

São exibidos trabalhos do projeto Herbario de plantas artificiales que, segundo Baraya, “estará em desenvolvimento por muito tempo". O artista cataloga obsessivamente – e com rigor científico – plantas artificiais encontradas em cada um dos países visitados, questionando a racionalidade científica. Essas novas taxonomias agregam componentes subjetivos, discutem identidades e incorporam produtos residuais do mercado. Os objetivos das antigas missões científicas ganham uma roupagem contemporânea, profundamente crítica. 

É o caso, também, da série de fotografias em preto e branco oriunda de sua expedição ao Machu Picchu, chamada Antropometrias aproximadas. Ferramenta do início da antropologia física, a antropometria foi utilizada para identificar e compreender as variações físicas humanas e, em diversas ocasiões invalidadas pela história, correlacionar características físicas e psicológicas a fatores étnicos e raciais. Nestes trabalhos, Alberto Baraya revê não apenas a exploração arqueológica da área do Machu Picchu, que ocorre desde 1901, mas propõe uma reflexão sobre a ideia de "descobrimento" de uma cultura pelas mãos da outra, tendo suas medidas tomadas por nativos e por turistas de toda parte do mundo.

Em Expedición Teyuna, projeto selecionado previamente para o Laboratório Curatorial da SP-Arte, o exercício do artista foi muito mais familiar geograficamente, embora igualmente distante em termos culturais. Povos locais foram convidados a posar com reproduções artificiais da flora nativa de Teyuna, a Cidade Perdida da Colômbia. As questões de mercado, frequentemente mencionadas no trabalho catalográfico de Baraya, são especialmente importantes na história de Teyuna. Descoberta por saqueadores em 1972, a cidade chegou ao conhecimento de antropólogos e arqueólogos apenas em 1976, quando estatuetas de ouro e urnas de cerâmica começaram a aparecer no mercado negro local.

Um desdobramento da instalação La fábula de los pájaros, apresentada na Bienal de Cuenca, no Equador, reúne aves empalhadas, típicas da América Latina, levando o espectador a diferentes maneiras de contemplação de paisagens controladas: a paisagem dos pássaros dissecados e taxidermizados como instrumento científico e sua relação com a paisagem de todo o território bolivariano, seu habitat natural.