Sweet Spontaneous Earth, que tem seu título inspirado por um poema de E.E. Cummings, apresenta uma seleção de obras que se relacionam com a natureza como uma força mutável, indecifrável e indomável. Como o poeta sugeriu, desde o início de sua existência a humanidade vem tentando lascivamente compreender a natureza, apenas para se deparar com uma resposta firme e sazonal: a primavera. Talvez isso seja a resposta da natureza à nossa inquietação comum e implacável, forçando-nos a sermos engolidos pela primavera, como uma artimanha que serve para aplacar nosso desejo e nos obrigar a desacelerar através de sua grandeza: parar e observar, ouvir, respirar. As obras presentes aqui, por sua vez, coincidem em seu esforço para capturar e contemplar a admiração, o momento em que ficamos boquiabertos com a natureza avassaladora da Terra.
Alguns artistas refletem sobre o hábito humano de registrar a natureza - Alberto Baraya e Cássio Vasconcellos por exemplo, fazem exercícios sobre a trajetória histórica dos encontros com a natureza e como estes podem ter amadurecido na contemporâneidade. Outros, como Amelia Toledo, extraem partes da anatomia da Terra, criando encontros bastante paupáveis com sua beleza; Isaac Julien, por sua vez, considera e rompe com as noções de beleza e preciosidade da natureza estabelecidas pelo homem; enquanto Laura Vinci força abruptamente um encontro entre o espectador e a essência da natureza inflexível, assustadora e até violenta.
Sweet Spontaneous Earth oferece, em última análise, uma reflexão sobre como a humanidade reage ao que Cummings chamou de amor rítmico da terra. Rítmico em sua existência, em sua afeição, em sua força e em sua fragilidade.