sobre

Nara Roesler New York tem o prazer de apresentar a primeira individual de José Patrício nos Estados Unidos. Reunindo cerca de 15 trabalhos produzidos pelo artista de 2005 a 2023, a mostra abre ao público no dia 6 de setembro.


  O início da produção artística de José Patrício se deu na década de 1970, quando seu interesse residia, em um primeiro momento, na gravura, e posteriormente na potencialidade expressiva do papel propriamente dito, por meio de suas cores, texturas e arranjos formais na ocupação do espaço compositivo. A partir do final da década de 1990, contudo, sua pesquisa passa a se direcionar para materiais industrializados populares e de caráter seriado, como botões, peças de dominó, dados e outros. Através destes elementos, o artista cria estruturas extremamente sofisticadas que respondem a permutações matemáticas e desdobramentos em série.


Para sua primeira exposição em Nova York, José Patrício reuniu uma seleção de trabalhos feitos a partir de pequenas peças de plástico utilizadas em jogos de quebra cabeça e que começaram a ser utilizadas pelo artista nos anos 2000 para suas composições em série. Em trabalhos anteriores, esses pequenos elementos eram incorporados com suas estampas e desenhos originais, como objetos encontrados. Porém, nos últimos anos, o artista passou a comissionar as mesmas diretamente com a fábrica que as produz, o que lhe permitiu definir as tonalidades dos padrões dos quebra-cabeças para ampliar o espectro de composição de suas obras. Os possíveis arranjos de combinações tonais são determinados por meio de fórmulas matemáticas e explorados no maior número de possibilidades possíveis. De acordo com o artista, embora os resultados de seus trabalhos sejam obtidos por meio de operações matemáticas prévias, a experiência visual proporcionada por eles é imprevisível. 


A maioria das obras presentes na exposição apresentam variações de tons que vão do preto ao branco, passando por tons de cinza e azul. O arranjo dessas cores em diferentes sequências tonais torna essas composições profundamente dinâmicas, com jogos de luminosidade e movimento. Já na série Acumulações Progressivas, desenvolvida desde 2014, José Patrício trabalha com peças em cores sem tons intermediários, resultando em um efeito vibrante causado por intensos contrastes cromáticos.


A mostra conta também com a série Recipientes, igualmente desenvolvida com peças de quebra-cabeça, porém utilizando nas composições seu verso. Nessa parte, o objeto conta com uma espécie de cavidade, na qual pode ser inserido tanto um signo visual como algum encaixe, tornando-se, portanto, uma espécie de recipiente que é então preenchido pelo artista com tinta esmalte, tradicionalmente utilizada nesse tipo de peça. Segundo Patrício, esse trabalho constitui uma espécie de "pintura expandida", uma espécie de base para estes objetos encontrados alterados, de modo que o verso das peças pode funcionar como recipiente cromático, enriquecendo as composições.