17.8 - 18.10.2024

cassio vasconcellos viagem pitoresca pelo brasil,

Cássio Vasconcellos

Viagem Pitoresca pelo Brasil # 187, 2023

impressão jato de tinta sobre papel de algodão 

120 x 360 cm

sobre

A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Cássio Vasconcellos: Viagem Pitoresca pelo Brasil, individual do artista com curadoria de Ana Maria Belluzzo. A mostra reúne dezenove fotografias inéditas realizadas pelo artista ao longo dos últimos três anos, resultado de incursões pelos vestígios de mata atlântica em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A proposta da mostra é justamente a de proporcionar um olhar aprofundado sobre esse bioma, hoje um dos mais ameaçados do país. Cada uma das fotografias presentes na mostra é um exemplar único, sem tiragem. 

 

O título da exposição faz referência aos primeiros registros conhecidos das florestas brasileiras, iniciados pelo aristocrata e arqueólogo francês Conde de Clarac (1777-1847), em seu desenho Floresta Virgem do Brasil,gravado em metal por Claude François Fortier (1775-1835), em 1822, referência para os chamados “artistas viajantes” do século 19, integrantes da Missão Artística Francesa, como Jean-Baptiste Debret(1768-1848), que ao voltar à França publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839).

 

Diferentemente dos artistas viajantes, Cássio Vasconcellos precisa encontrar o enquadramento certo. “Os artistas do século 19 pegavam uma cena que podiam depois acertar no ateliê, tirar por exemplo uma palmeira que estava atrapalhando a imagem”, compara. “A floresta é muito difícil de fotografar. É uma confusão visual tremenda, porque são infinitos planos. É muita informação de uma vez só. E é muito fácil cair na banalidade. São muitos quilômetros de caminhada para achar o ângulo perfeito, e muitas vezes levo um dia inteiro para fazer uma foto", conclui.

 

No texto que acompanha a exposição, Ana Maria Belluzo destaca que: “o artista apura valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais (...) A imagem ganha teor expressivo ao aparecer revestida de dimensões plásticas, gráficas, táteis”, observa. “Sob comando da escrita da luz, os raios luminosos emitidos pela vegetação chegam até nós. Vistas em contraluz introduzem o sujeito/observador no interior da mata. Em contrapartida, o desfoque do fundo das fotos e o aspecto turvo de entes vegetais, em destaque, tendem a recriar cenários enigmáticos, até fantásticos. Motivam sensações oníricas. A visão da natureza nos escapa. A irrealidade da paisagem também se insinua pela extrema limpidez de pormenores ampliados. Imagens nos transportam para um mundo fantástico, por vezes fantasmático”.