Alberto Pitta

Ekodidé  2005

pintura e serigrafia sobre tela

187 x 143 x 3,5 cm

sobre

A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Àkùko, Eiyéle e Ekodidé – Uma revoada de Alberto Pitta, primeira individual do artista baiano na sede paulistana da galeria. Figura central no carnaval de Salvador, Alberto Pitta foi o autor das estamparias de importantes blocos como o Olodum e os Filhos de Gandhy, tendo criado em 1998 o seu próprio bloco, o Cortejo Afro. 

 

A mostra, com curadoria e texto crítico de Galciani, conta com 24 trabalhos inéditos e outros resultantes de sua produção ao longo dos últimos anos, incluindo pinturas e serigrafias sobre tela e um carrinho de cafezinho, em madeira – uma referência aos coloridos carrinhos usados por ambulantes para vender cafezinho em Salvador, e também ao trabalho mostrado na coletiva “A Quietude da Terra: vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé”, com curadoria de France Morin, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000.

 

Para a exposição na galeria, Galciani destaca os pássaros presentes na produção pictórica do artista. De acordo com a curadora, os pássaros, “na ampla cultura yorubá os pássaros se apresentam como seres divinos”. “São guardiões das comunidades, evocam energia positiva e guiam as pessoas em situações adversas. Esta reunião de obras revigora, assim, o sentido de revoada: voar em bando, como aves da mesma espécie; coreografar no céu uma coletividade; migrar junto; mover-se rumo a um destino certo”. 

 

Ela aponta também que três pássaros em especial têm protagonismo nas obras: Àkùko, Eiyéle e Ekodidé. Em suas palavras: “Eles habitam a primeira série de trabalhos, na qual predominam composições em preto, branco, vermelho e amarelo, como se dessem boas-vindas ao público; em seguida explodem em cores vibrantes e composições multicoloridas, para encantar; e, por fim, acontecem na calmaria de telas brancas – onde distintos matizes de branco compõem o trabalho”. 

 

Àkùko “é frequentemente associado a um galo – o mensageiro do tempo, que anuncia o dia, que explica a ancestralidade e afirma a continuidade da vida. Eiyéle é a pomba branca, que traz a paz, a harmonia e a bem-aventurança. Por sua elegância e plumagem, Eiyéle também simboliza honra e prosperidade. Ekodidé é a única pena vermelha de um pássaro ou o papagaio, um símbolo de proteção, vitalidade, realeza. Sua pena é um elemento natural e uma presença essencial nos rituais de iniciação, para afastar energias negativas e consagrar objetos”, conta Galciani Neves.

Ela complementa: “Apresentar esses seres no campo da arte é acreditar que sua revoada pode ser um sopro de transformação para reanimar os ares, reorganizar os pensamentos, renovar as esperanças, refazer as conexões. O gesto artístico e insurgente de Pitta – como nos diz a poeta, pesquisadora e dramaturga brasileira Leda Maria Martins – é um dos que mais transformam, pois afetam as imagens estéticas inscritas como únicas e verdadeiras. Por isso, trata-se de um gesto que, por refazer as narrativas e apresentar novos caminhos para enxergar o mundo, nos mobiliza a viver com esperança (“o fermento da revolução”, o que faz emergir o novo, segundo o filósofo e professor sul-coreano Byung-Chul Han) e nos encoraja a reivindicar ambientes onde possamos celebrar, nos alegrar e regozijar”.

 

No dia da abertura da exposição ocorrerá também o lançamento do livro Alberto Pitta, editado pela Nara Roesler Books, dedicado a obra do artista. Com 152 páginas, a edição bilíngue (português/inglês) inclui o texto de Galciani Neves para a exposição, além de uma entrevista dada pelo artista a Jareh Das, curadora que vive entre a África Ocidental e o Reino Unido e introdução é de Vik Muniz, amigo do artista desde que ambos participaram da já mencionada exposição “A Quietude da Terra: vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé”, com curadoria de France Morin, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000.

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