sobre

A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Língua d’Água, primeira exposição individual de Maria Klabin (1978, Rio de Janeiro) na cidade. Com curadoria de Galciani Neves, a mostra reúne obras inéditas e recentes, incluindo pinturas em óleo sobre tela, linho e papel vegetal, além de desenhos em nanquim, carvão, guache e bastão a óleo. O conjunto apresenta escalas variadas, de pequenos trabalhos de cerca de vinte centímetros até telas que chegam a três metros de comprimento, além de desenhos extraídos de seus cadernos, oferecendo ao público um amplo panorama de seu processo de criação.

O título da exposição nasce de uma frase dita pela artista à curadora: “O pincel é como uma língua que lambe a tela trazendo os ecos de algum lugar” e reflete o caráter sensorial e intuitivo que orienta a prática pictórica de Klabin. Em seu texto curatorial, Neves destaca: “As pinturas de Maria apontam para os redemoinhos da percepção, revelando o que pode emergir quando decidimos habitar os mistérios das coisas, olhando-as de perto e de distintas lonjuras.”

A artista comenta que suas obras frequentemente partem do entorno imediato, pessoas próximas, objetos, plantas e cenas de descanso, revelando momentos de intimidade e entrega. “Gosto de pensar no meu ateliê como um espaço onde posso me sentir segura para ser vulnerável. Existe uma vulnerabilidade inerente à pintura; é preciso confiança para dar esse salto”, afirma.

As paisagens presentes na mostra também surgem da convivência cotidiana. Objetos, plantas e fotografias funcionam como pontos de partida para explorar estados de espírito, movimentos e composições intuitivas. “Estou sempre numa caça constante e silenciosa por coisas que são um pouquinho mais do que elas mesmas”, diz a artista.

Mais de quarenta desenhos integram a exposição e artista destaca o papel central do desenho em sua prática: “Desenho o tempo todo. Às vezes acho que minha pintura é muito mais desenho, porque estou mais ligada à linha e ao gesto do que à relação de cor.”

A mostra inclui ainda a pintura Gal (2023), obra que marca uma virada formal em sua produção, integrando elementos alegóricos e oníricos que se tornam ainda mais evidentes nas pinturas recentes. Também serão exibidos três retratos rápidos de Alberto Giacometti, desenvolvidos a partir de um vídeo em que a artista identificou o escultor em um momento de rara vulnerabilidade e concentração, tema recorrente em sua investigação.

Durante a exposição, em fevereiro de 2026, será lançado o primeiro livro dedicado à trajetória da artista: Maria K. (2025, Nara Roesler Books). A publicação é bilíngue, possui 114 páginas, capa dura e textos inéditos de Priscyla Gomes, Pollyana Quintella e apresentação de Luis Pérez-Oramas.