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A Galeria Nara Roesler apresenta, a partir do dia 22 de março, a exposição Chronos, de Marcelo Silveira. O artista pernambucano faz sua quinta individual na galeria, onde, em 2008, apresentou Arquitetura de Interiores

Marcelo Silveira apresenta quatro obras que se instalam no espaço da galeria e misturam diversas técnicas e materiais. “Repleta de construções que se movimentam fisicamente, sua obra se caracteriza, sobretudo, por promover deslocamentos constantes de sentidos. Nos trabalhos reunidos nesta exposição, uma vez mais os meios usados e os nexos sugeridos se confundem, oferecendo ao visitante a experiência de tecer relações novas a partir do encontro com a criação do artista”, explica Moacir dos Anjos, curador da última Bienal Internacional de São Paulo, que assina o texto crítico da exposição. 

Prestes a completar 30 anos de carreira artística, Silveira tem se destacado com obras que questionam categorias preestabelecidas, desafiando e questionando definições consolidadas de esculturas e instalações. Nos últimos anos, o artista teve importantes participações em exposições coletivas, como a 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010), Panorama da Arte Brasileira (MAM/ São Paulo) 4ª Bienal de Valencia (2007) e Geração da Virada 10+1, no Instituto Tomie Ohtake (2006). Além disso, contou com individuais na Galeria Nara Roesler (2000, 2003, 2006 e 2008), V Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005), Galeria Mariana Moura (Recife, 2006) e Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2003). 

Na exposição Chronos, Marcelo Silveira apresenta quatro instalações: Caleidoscópio, 2011-2012, é composto por algumas dezenas de espessas molduras retangulares – sem frente ou fundo e feitas de aço brilhante e bruto – que abrigam um número grande de placas coloridas de acrílico translúcido e de idêntico tamanho, agrupadas em camadas até formar bloco espesso o bastante para bloquear quase toda a luz que sobre elas caia. Vazadas, criam figuras abstratas, geométricas e corriqueiras, como brinquedos, veículos e pessoas.

O segundo trabalho, Cuco (Livro da semana), 2010-2011, é uma publicação com tiragem única, produzida em estêncil, técnica que o artista considera “um esquema facilitador do processo de desenhar, encontrado facilmente em lojas de material escolar”. Sobre as faces mais estreitas de sete caixas de imbuia que repousam juntas e em pé sobre uma única gaveta horizontal, estão os nomes dos sete dias da semana, esculpidos em alto-relevo. Cada um desses capítulos é executado em uma relação cromática distinta, composto por seis tiras de papel dobradas em dezesseis partes iguais, que quando abertas medem 2,6 metros. “Os desenhos expostos estavam, até o dia anterior, todos guardados na caixa correspondente ao dia da semana em que se está naquele instante, havendo mais conjuntos de desenhos acondicionados nas demais caixas, prontos para serem exibidos em seu lugar nos outros dias da semana”, explica Moacir dos Anjos. 

Desafiando os limites entre desenho e pintura, Criação do Mundo, 2012, traz enormes caixas de cedro presas à parede, nas quais se instalam papeis brancos inteiramente preenchidos por sinuosos traços abstratos feitos com caneta esferográfica azul. Por fim, Sinuca, 2012, traz sete caixas triangulares produzidas a partir da reprodução de uma peça encontrada em um brechó de Recife, onde o artista.reside. As caixas são marcadas pelo número associado às cores das bolas do jogo que dá nome à peça, reafirmando o procedimento do artista em exibir somente parte do que foi construído, simbolicamente retendo um excesso ou uma reserva dos significados possíveis de cada peça.