Das suas primeiras intervenções urbanas, que contestavam o papel da arte durante o governo militar autoritário, às obras altamente experimentais que empregam tecnologias da medicina, comunicação e reprodução, Paulo Bruscky ocupa um lugar formidável na história da arte brasileira. Conhecido por seu envolvimento ativo no movimento da arte postal e pelas relações dinâmicas que construiu com artistas internacionais, incluindo membros dos grupos Fluxus e Gutai que trabalham em Nova York, Europa e Japão, Bruscky foi um artista-provocador que usou a arte como meio para contestar ferozmente o status quo.
A exposição apresenta os livros de artista e filmes em Super 8 de Bruscky, que constituem a espinha dorsal de sua carreira rica e prolífica que permeia mais de quatro décadas. De seus primeiros livros, da década de 1970, que documentavam performances nas ruas de Recife, incluindo obras importantes como Arte Cemiterial (1971) e O que é arte? Para que serve? (1978), às suas experiências mais poéticas com as possibilidades do formato livro, a exposição oferece uma rara oportunidade de ler a prática de Bruscky e seu interesse pela intersecção entre arte, vida e comunicação. Mais do que meros registros de ações passadas, seus livros e filmes atuam como veículos de ativação de ideias e evidências de sua paixão individual e desejo de conectar-se crítica, poética e artisticamente com as realidades da paisagem urbana e do momento contemporâneo.
Pernambuco – o estado nordestino conhecido por sua indústria da cana-de-açúcar no período colonial –, onde o artista nasceu e permaneceu durante sua carreira, é um importante pano de fundo para o trabalho de Bruscky, um rico terreno que permitiu ao artista desenvolver uma voz verdadeiramente independente, livre dos acontecimentos do mainstream de São Paulo e Rio. Esta exposição terá cerca de 100 livros de artista e mais de 20 filmes, apresentados juntos e em profundidade pela primeira vez. Reunidos, os livros e filmes da exposição, complementados por trabalhos relacionados, proporcionarão uma visão inédita da obra singular de Bruscky.
sobre clara kim
Clara Kim é curadora independente em Los Angeles. Já atuou como curadora sênior do Walker Art Center, onde organizou a primeira retrospectiva de Abraham Cruzvillegas, apresentada em diversos países; Album: Cinematheque Tangier, um projeto de Yto Barrada; e Minouk Lim: Heat of Shadows. Clara também agregou à coleção permanente do Walker importantes obras de Allan Sekula, Jimmie Durham, Steve McQueen e Charles Gaines. Antes de trabalhar no Walker, Clara foi diretora de galeria e curadora da REDCAT, onde comissionou obras e realizou exposições de artistas e arquitetos do mundo todo, entre eles Atelier Bow-Wow, Edgar Arceneaux, Decolonizing Architecture, Jesse Jones, Kim Beom, Renata Lucas, Walid Raad e Haegue Yang. Kim também foi co-curadora da Media City Seoul de 2010. Ela faz parte do conselho consultivo do Rockbund Art Museum e do West of Rome e foi jurada do Hugo Boss Asia Art Award, do Festival de Cinema de Sundance, da Creative Capital Foundation e da United States Artists. Atualmente, Clara é pesquisadora/consultora do Asia Cultural Complex, em Gwangju, Coréia; e consultora de programas da Kadist Foundation, em São Francisco. Clara possui um bacharelado em artes pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, e um mestrado em artes pela Universidade de Chicago.