A artista Berna Reale acaba de lançar sua nova faixa musical, Mayday Mayday Mayday (feat. Will Kieff). A música surge como um alerta urgente diante da crise ambiental que ameaça o planeta, abordando temas como a destruição de ecossistemas, a contaminação do ar e da água, e a indiferença humana frente ao colapso climático. É a primeira vez que a artista se dedica a essa temática em sua carreira, marcando um novo desdobramento em sua prática artística.
O título da faixa faz referência ao código internacional de emergência usado na aviação quando uma aeronave está em situação de pane — “Mayday” é repetido três vezes para indicar perigo iminente. A escolha do nome reforça o caráter alarmante da mensagem ambiental contida na obra. A letra é de autoria da própria artista e conjuga crítica e poesia em um chamado à ação coletiva.
Nos arranjos, a música incorpora trechos das sinfonias de verão e inverno de As Quatro Estações, de Vivaldi, justapostos de forma intencional. A mistura entre os movimentos — normalmente distintos — faz alusão direta à desregulação climática que afeta o planeta, tornando as estações do ano cada vez mais imprecisas e instáveis.
O lançamento acontece em sintonia com o debate global sobre o meio ambiente, antecipando a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será sediada em Belém do Pará em 2025 — mesma cidade onde Berna nasceu e desenvolve grande parte de sua produção. Nesse contexto, Mayday Mayday Mayday se insere como um manifesto artístico que busca ampliar o alcance das discussões ambientais, partindo de um lugar simbólico e politicamente potente da Amazônia.
Desenvolvida em parceria com artistas locais, como o rapper Will Kieff e o músico Jacinto Kahwage, a faixa tem como proposta a comunicação direta, ultrapassando barreiras de idioma, sotaque ou nacionalidade. Ao unir sua voz à de Kieff, Reale aposta na força do trap e da palavra como ferramentas de mobilização e impacto sensorial.
Reconhecida por sua trajetória nas artes visuais, Berna Reale é uma das artistas mais relevantes da cena contemporânea brasileira, figurando entre os principais nomes da performance no país. Iniciou sua carreira no início dos anos 1990 e, desde então, tem utilizado seu próprio corpo como centro de performances, fotografias e vídeos que expõem criticamente os mecanismos de violência, repressão e silenciamento presentes nas estruturas sociais. Obras como Palomo, Singing in the Rain, Quando Todos Se Calam e Limite Zero se destacam por sua força simbólica e por ocuparem o espaço público de forma provocadora. Em sua produção, Reale tensiona os limites entre fascínio e repulsa, revelando as contradições de uma sociedade que consome a violência ao mesmo tempo em que a nega.