arte sonora

antônio dias e brígida baltar
centro cultural ufmg, belo horizonte, brasil
19.8 - 25.9.2022

O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição Arte Sonora, dos artistas Amir Brito Cadôr e Ulisses Carvalho, na próxima sexta-feira, dia 19 de agosto de 2022, às 19 horas. A mostra é um panorama da presença poética do som como fenômeno e matéria nas práticas artísticas em seus aspectos visuais e táteis e poderá ser vista até o dia 25 de setembro de 2022.

Haverá uma performance de Ulisses Carvalho e Pedro Fontenelle às 20h40. A entrada é gratuita com classificação livre.

 

Ocupando a Grande Galeria do Centro Cultural UFMG, a exposição reúne duas mostras simultâneas, uma coletiva e uma individual, que apresentam diferentes tipos de arte sonora.

Uma delas apresenta publicações da coleção Livro de Artista da UFMG, complementada com acervo da editora 55SP e acervos particulares; a outra, Plástica Sonora, apresenta trabalhos do artista e pesquisador Ulisses Carvalho, resultado de sua pesquisa no Programa de Pós-graduação em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG, sob a orientação do artista Amir Brito Cadôr.


A exposição coletiva tem curadoria conjunta de Cadôr e Carvalho, que escolheram obras que materializam o som. São peças diversas, que têm como característica comum serem editadas, encontradas em galerias de arte, em livrarias ou em lojas de disco: revistas e livros com áudio, discos de artistas e capas de discos feitas por artistas, partituras gráficas e livros de artista que sugerem uma partitura por meio de colagens, onomatopeias ou escritas assêmicas.

A representação do som nos livros de artista pode acontecer a partir da escrita, como nas tipologias sonoras de Raquel Stolf, nas colagens de histórias em quadrinhos que sugerem uma partitura em obra do artista Christian Marclay, nos desenhos de Montez Magno sobre partituras, sugerindo novas sonoridades ou as traduções gráficas de uma composição sonora, como o livro Tartamudo que acompanha o disco de Yuri Bruscky.

Entre os discos de artista, o público poderá conhecer os trabalhos de Antonio Dias, Brígida Baltar, Cildo Meireles, Dieter Roth, Eduardo Kac, Milan Knížák e Vivian Caccuri, além de obras de poesia sonora de Alex Hamburger e do artista mexicano Ulises Carrión.

Outro destaque da mostra são as obras criadas para a capa do disco, incluindo o famoso álbum da banda The Velvet Underground com capa assinada por Andy Warhol e o Talking Heads em edição especial criada por Robert Rauschenberg.

Estarão expostas partituras de Dick Higgins, Neo Muyanga, Jorge Macchi e Mungo Thomson ao lado da partitura da peça para piano 4’33”, de John Cage, compositor norte-americano que foi professor e teve grande influência nos artistas que começaram suas atividades nos anos 1960.

 

Em outra sala da galeria, Ulisses Carvalho apresenta duas séries de trabalhos bidimensionais, desenhos e serigrafias, que buscam traduzir o som em grafismo.

Na série Impressões Acústicas, imagens de instrumentos e objetos sonoros fragmentados são sobrepostas inúmeras vezes embaralhando a visualidade do objeto que nos remete ao acústico e à materialidade do objeto gerador de som. Em Sobrepunho, objetos musicais são contornados com caneta e os desenhos são sobrepostos.

Completam o conjunto uma peça sonora de Carvalho dividida em três momentos sequenciais: em Abertura (2022) a partitura é escrita ao vivo adicionando notas sobre a pauta musical a partir da ação com uma furadeira em uma pilha de partituras em branco, explorando o som deste processo.


Logo depois, em Que balbúrdia é essa? (2022) o artista improvisa uma composição musical apoiada em bateria (Pedro Fontenelle) e guitarra que servirá como um fundo musical para construção de Parasita, uma escultura sonora produzida pelo ato de furar o instrumento e serrar a caixa de som.

A vibração sonora causada pela ação dos furos e cortes dos materiais tenta jogar com a estrutura rítmica do fundo musical improvisado. O resultado sonoro será reunido posteriormente em um disco de vinil.