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A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta Superfícies em Conflito, individual do artista cubano Alexandre Arrechea. Usando a ideia de conflito aparente na arquitetura urbana, Arrechea criou obras que encenam contrastes entre a ordem e o caos, unindo opostos em combinações de cores e silhuetas geométricas.

 

"A ideia de conflito vem de como duas visões diferentes (vizinhas) coincidem, o que me permite especular a criação de um rosto onde o conflito é encenado. No meu desejo de dissecar a arquitetura, esta é uma reviravolta dos trabalhos que fiz na série Corners [Cantos] (exibida entre fevereiro e abril em Nova York), explica Arrechea.

 

Quem visitar a exposição poderá ver como esses trabalhos de Arrechea conversam com as máscaras feitas por velhos mestres como Picasso, fazendo com que elas ganhem uma nova leitura, dando rosto às paisagens anônimas. A mostra Superfícies em conflito trará nove exemplos deste trabalho e poderá ser visitada até 31/08.

 

Desde 2015, o artista vem trabalhando com a máscara, um objeto simbólico, que assume qualidades antropomórficas e que aparece em pinturas, tapeçarias e projeção de vídeo construídas a partir de formas e cores das fachadas da cidade. Em Superfícies em conflito, Arrechea cria máscaras unindo diferentes ambientes e realidades sócio-econômicas em molduras ovais que lembram rostos abstratos e trazem um pouco de cada vizinhança em si.

 

Os elementos dessa paisagem urbana foram extraídos originalmente das ruas dos bairros de Centro Havana e Vedado, em Cuba, ganhando densidade com as texturas das paredes, da passagem do tempo e da pegada humana latente em cada fragmento usado na construção das máscaras. “Cada esquina representa um corte ou um desdobramento na superfície construída, uma mudança na perspectiva, um eixo de encontros. A visão tridimensional desses espaços cede à imagem bidimensional que funciona, muitas vezes, como reflexo impreciso de um lado da obra em comparação ao outro”, explica o produtor cultural cubano Rodolfo de Athayde, que assina o texto desta exposição.

 

Alexandre Arrechea foi membro fundador do coletivo artístico cubano Los Carpinteros e já teve individuais em instituições como Museo Nacional de Bellas Artes em Havana; PS1 Contemporary Art Center em Nova York; Los Angeles County Museum of Art (LACMA) em Los Angeles; e New Museum em Nova York. Há mais de uma década, Arrechea exercita um distanciamento daquele “objeto útil ressignificado”, que está associado ao trabalho coletivo com Los Carpinteros em sua carreira solo, onde aparecem obras que marcam o ponto de partida para uma linguagem mais subjetiva  que conduz a uma visualidade e a conceitos mais abstratos.