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A Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta Imagens de uma juventude pop – pinturas políticas e desenhos da cadeia, quarta individual de Sérgio Sister na sede paulista da galeria. Acompanhada de texto de Camila Bechelany, a mostra reúne pela primeira vez um número significativo de obras pouco conhecidas pelo público – produzidas entre 1966 e 1971 –, incluindo desenhos realizados nos 19 meses em que o artista esteve detido no Presídio Tiradentes, em São Paulo, durante o regime militar (1964–1985). 

 

Fazem parte da exposição cerca de 35 desenhos, em sua maioria em tinta aquarela, giz pastel e caneta hidrográfica sobre papel, em diferentes dimensões e formatos. Bastante coloridos, com traços caricaturais e psicodélicos, os desenhos funcionavam, à época, como uma documentação do cotidiano prisional. Eram, segundo Sister, "uma espécie de crônica para registrar o que se passava entre nós. Procurava criar símbolos gráficos e cores, com anotações sobre choques elétricos, a tranca, a porrada [...]." Hoje, por outro lado, a produção é vista pelo artista como uma importante ferramenta de recuperação de sua própria identidade e de apropriação de um espaço espiritual durante um período de trevas. 

 

Sem expectativa de liberdade e deslocado dos papéis desempenhados fora da prisão – Sister era estudante de Ciências Sociais e também atuava como jornalista –, o artista passou a desenhar todos os dias depois de receber da Bela, sua esposa e então namorada, uma caixa de crayon e um caderno de desenho. Mais tarde, graças ao convívio diário com artistas e arquitetos no presídio de Tiradentes, – como Alípio Freire, Carlos Takaoka e José Wilson, Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre, Julio Barone, Carlos Henrique Heck e Sérgio Souza Lima –, formou-se ali uma espécie de grande atelier, com uma prolífica troca de ideias e materiais. Foi neste momento que Sister, em contato com diversas questões teóricas trazidas pelos novos companheiros, passou a pretender com seus desenhos uma ligação maior com o mundo da arte. 


Anteriores à produção de Tiradentes, as 15 pinturas sobre tela presentes na exposição – realizadas entre 1966 e 1967 –,  trazem particularidades que denotam uma forte influência da pop-art. Ao contrário do pop norte-americano, que tinha a banalização da imagem como ponto de partida e voltava sua atenção aos objetos comuns do cotidiano, a assimilação do movimento no Brasil refletia a tensão existente em decorrência do regime militar imposto no país. Como outros artistas de sua geração, Sérgio Sister se apropriou intuitivamente da agressividade e ironia inerentes ao pop para dar vazão à questões sociais e políticas. 

 

É a primeira vez que uma ampla seleção destes desenhos será exibida em uma exposição. Antes disso, alguns deles participaram das mostras Pequenas insurreições, no Centro Cultural São Paulo – CCSP (1985); Caros amigos, no Memorial da América Latina, São Paulo (2008) e mais recentemente, da exposição I-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2018). 

 

Simultaneamente à exposição, a Galeria Nara Roesler apresenta seu Viewing Room, um espaço de exposições online, onde os visitantes poderão descobrir e colecionar obras selecionadas exclusivamente para esta plataforma. Para seu lançamento, a Galeria selecionou 15 obras recentes e em pequeno formato de Sérgio Sister que estarão disponíveis somente para venda online. 

 

 

Press

  • an act of resistance: sergio sister exhibits art made as a political prisoner

    an act of resistance: sergio sister exhibits art made as a political prisoner

    Cynthia Garcia, Newcity 17.9.2019
  • sérgio sister e suas armas de resistência Download

    sérgio sister e suas armas de resistência

    tadeu chiarelli, arte brasileiros 22.8.2019
  • sérgio sister: images of a pop youth

    sérgio sister: images of a pop youth

    Sherry Paik, Ocula 9.8.2019