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Nara Roesler tem o prazer de anunciar Empty Head, primeira individual de Raul Mourão em sua sede em Nova York e que estará em exibição de 26 de abril a 19 de junho de 2021. A exposição traz uma seleção de trabalhos recentes do artista capazes de sintetizar e conectar sua abordagem formal com um discurso político engajado com a atualidade.

Em Empty Head, Nara Roesler apresenta duas séries de esculturas criadas por Mourão durante o período de isolamento social, devido à pandemia do covid-19. A primeira série, intitulada Rebel, reúne três esculturas realizadas em aço corten com peso aproximado de 1 tonelada, que foram criadas em homenagem à casa de música experimental Audio Rebel, no Rio de Janeiro. Segundo o artista, essa produção recente se aproxima de uma gramática maquínica, com mais peso e matéria, capazes de criar maior embaralhamento visual e tom mais ameaçador.

 

Mourão ressalta que muito mais do que trabalhos cinéticos, esses são objetos interativos, cuja dinâmica depende do toque e da interação do público. Para o artista, o engajamento do observador é uma metáfora de seu próprio engajamento na sociedade. Ele acredita que a confusão visual criada pelo movimento das esculturas nos convoca a refletir sobre o desnorteamento experienciado em cenários que se alteram constantemente, devido à aceleração e à saturação de informações. O peso das peças nos faz pensar não só na gravidade como força física, mas nos leva a refletir sobre relações de movimento e estabilidade, peso e leveza, violência e cuidado, e, por fim, vida e morte.

 

Em oposição às esculturas em grande escala da série Rebel, o artista apresenta também um conjunto de obras cinéticas mais frágeis e delicadas, realizadas em vidro e aço. Ao incorporar objetos do cotidiano como bases de suas estruturas pendulares, Mourão reafirma a ironia e o nonsense como elementos da sua poética artística.

 

Também integra a mostra The New Brazilian Flag #3, trabalho que reelabora e ressignifica a bandeira do Brasil e que teve início em uma ação realizada durante o carnaval de 2018, no Rio de Janeiro. Durante a festividade, Mourão fotografou uma bandeira do país em que se encontravam subtraídos o círculo no centro, com as estrelas representativas dos estados e o lema positivista “ordem e progresso”. O trabalho havia sido disposto pelo artista nos Arcos da Lapa, cartão postal da cidade e tradicional bairro boêmio, cenário de acontecimentos artísticos e políticos. Nos anos seguintes, Mourão desdobrou o motivo em diferentes composições e arranjos, atualizando o trabalho de acordo com o contexto político atual e o modo como o Brasil enfrenta a crise sanitária.

 

No vídeo Bang Bang (2017), uma sequência de esculturas do artista feitas com garrafas de vidro e estruturas de metal são destruídas por um atirador profissional em um estúdio de tiro. A produção cuidadosa nos leva a refletir sobre a violência, seja em sua forma institucional generalizada, seja de modo mais específico, pelo atual contexto de sistemático ataque às manifestações artísticas no Brasil. As construções visuais de Mourão têm a capacidade de nos levar a refletir sobre o sistema das artes, assim como a sociedade em um sentido mais amplo, resultando em críticas diretas atreladas à possibilidades de se imaginar o futuro.

 

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