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Nara Roesler Nova York tem o prazer de anunciar Maria Klabin: Liquid Air, primeira individual da artista brasileira Maria Klabin nos Estados Unidos. Com curadoria de Luis Pérez-Oramas, a mostra apresenta ao público norte-americano o trabalho desta artista que tem encontrado na pintura sua linguagem para a constituição de imagens que podem ser apreendidas tanto como imaginativas, oníricas e insólitas, quanto como realistas e cotidianas. A exposição fica aberta à visitação do público entre 07 de setembro e 15 de outubro de 2022.

 

A realização da primeira individual internacional de Maria Klabin em Nova York é uma celebração de sua própria trajetória. No final da década de 1990, a artista mudou-se para a cidade afim de aprofundar seus estudos em fotografia. Em seguida, passa a integrar a Art Students League of New York, onde ela, que sempre teve grande interesse pela pintura, aprofundou-se no estudo da linguagem pictórica. Em 2002, Klabin completa seus estudos, concluindo o mestrado na Central Saint Martins, em Londres.

 

Os trabalhos expostos em Liquid Air revelam a pintura como desdobramento da prática da artista em outros campos, como a dança,  experimentada desde criança, a escultura, desenvolvida na adolescência e juventude, e a fotografia. Exemplares, nesse sentido, são as pinturas de paisagens em grandes dimensões que integram a mostra. Muitas vezes, a artista parte de uma imagem fotografada por ela mesma para o desenvolvimento das telas.

 

Klabin encontra nas fotos pretextos visuais que a levam a criar sua própria imagem. Para isso, ela parte dos movimentos de seu corpo, desenhando, com o pincel, uma coreografia sobre a superfície da tela. A atração física pelo material é uma presença manifesta na obra de Klabin, modelando as tintas na tela para criar figurações a partir do encontro de dois corpos, o dela e o da pintura.

 

O curador Luis Pérez-Oramas vê no corpo, inclusive, a origem do trabalho da artista. “Maria Klabin relaciona sua decisão de tornar-se pintora com sua experiência como bailarina. A dança – o corpo em movimento, o corpo no espaço – encontra-se, então, implicado em sua prática que, paradoxalmente, teve início na modelagem tridimensional,” afirma.

 

Para a artista, a pintura é uma resposta para uma pergunta que ela mesma ainda não sabe formular. “Eu tenho a sensação de que a pintura sabe mais de mim, do que eu dela”, afirma Maria Klabin sobre seu processo criativo. Tudo tem início com um gesto, uma marca que ela faz na tela com o pincel, formulando um desafio ao qual ela precisa oferecer respostas a partir de outros gestos, que levam, por fim, a sua resolução em uma imagem frequentemente de caráter onírico.

 

Outro grupo de trabalhos apresentados em Liquid Air, provém de uma pesquisa focada na observação que teve seu auge durante a pandemia, onde a artista retrata cenas cotidianas em telas de menores dimensões. Durante o isolamento, Klabin aproveitou para retomar um dos temas caros ao seu repertório: o retrato. Em 2017, a artista já havia retornado à prática, pintando pessoas do seu convívio. Certo dia, em uma sessão, o modelo acabou dormindo, o que abriu caminho para Klabin se concentrar não na individualidade do retratado, mas nas relações entre este e o espaço, transformando a cena em uma espécie de paisagem doméstica.

 

Em Liquid Air, Klabin apresenta uma série de pinturas em que desenvolve com maior profundidade os retratos de indivíduos dormindo, apresentando-os ao lado de pinturas de naturezas mortas, cenas de silêncio, assim como aquelas de sonolência, nas quais a pintura – embora permaneça objetiva – encontra um espaço privilegiado de liberdade.

 

Em especial, destaca-se como as duas escalas que lhe são mais usuais, a íntima e a monumental, possibilitam estabelecer diferentes relações entre matéria e representação, tanto em sua feitura, quanto em sua fruição. Segundo Oramas, “suas impressionantes pinturas são verdadeiros repositórios do traçar do gesto, da densidade da tinta à óleo, das suas pinceladas amplas, ambiciosas, fluídas e líquidas, comportando-se como as principais formas de estruturação arquitetônica de suas composições.”