Sérgio Sister

Magenta e laranja com ligação amarela, 2022

tinta óleo sobre tela

195 x 184 cm

sobre

Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Pintura entre Frestas e Cavidades, individual de Sérgio Sister que reúne três séries de trabalhos desenvolvidas pelo artista ao longo das últimas décadas, incluindo pinturas, PontaletesRipas e Caixas. A mostra é acompanhada de texto de Felipe Scovino.

 

Sister iniciou sua carreira na década de 1960, período em que o país vivia grandes turbulências políticas com a ascensão da Ditadura Militar, com um trabalho marcado por uma linguagem fortemente influenciada pela Arte Pop e a Nova Figuração. Engajado no movimento estudantil, foi preso e torturado, tendo inclusive criado  um importante corpo de trabalhos na prisão. Libertado, retomou sua carreira artística apenas no início da década de 1980, momento em que a pintura ressurgia com muita força no cenário brasileiro e mundial. Desde então, sua pesquisa tem se voltado para elementos constitutivos da pintura, como a cor e a superfície, e sua relação com o espaço.

 

Na presente exposição, as pinturas sobre tela consistem em dípticos e polítpticos de distintas cores agrupados entre si por meio de uma chapa de metal. Entre eles, existem pequenos intervalos que são preenchidos por faixas de cor. Nas palavras do crítico Felipe Scovino: “são peças que requerem a construção modular, mas têm autonomia”. Ao mesmo tempo em que Sister reafirma o monocromo de cada tela, bem como sua planaridade, causa uma espécie de “quebra” por meio desses intervalos, abraçando a tridimensionalidade.

 

Outro importante corpo de trabalhos que integra a mostra são as Caixas, em que o artista utiliza como suporte estruturas por ele fabricadas que fazem alusão a caixas de madeira empregadas no transporte e armazenamento de frutas e legumes em feiras livres e supermercados. Sister recobre as faixas de madeira que constituem essas estruturas com diferentes cores. Assim, através da tridimensionalidade do objeto, é possível perceber a interação entre as tonalidades, levando também a pintura para um campo expandido, no qual a mesma deixa de existir exclusivamente no plano e passa a se dar também sobre objetos encontrados. Complementando a investigação entre cor e tridimensionalidade estão também trabalhos da série Ripas, na qual Sister dialoga com alguns importantes nomes da história da arte brasileira, como  Willys de Castro.

 

Também integram a exposição três pinturas realizadas sobre papel kozo. Tal suporte, feito com fibra de papel de arroz, é utilizado pelo artista desde o final da década de 1980 e, ao mesmo tempo que chama a atenção por sua delicadeza, se destaca também por sua grande maleabilidade e resistência. Os trabalhos da mostra possuem um caráter mais orgânico que os anteriores da mesma série, apresentando mais liberdade e menos rigor geométrico.