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Galeria Nara Roesler apresenta pela primeira vez em São Paulo a poética espiritual do artista Not Vital

 

A Galeria Nara Roesler de São Paulo tem o prazer de apresentar pela primeira vez na capital paulista a mostra do suíço Not Vital, itinerância da primeira mostra institucional do artista na América do Sul, realizada entre outubro e novembro deste ano no Paço Imperial (RJ).

Na exposição, ficam evidentes as premissas que orientam o trabalho de Not Vital, cuja trajetória de vida nômade é chave para a compreensão de sua poética espiritual, intimamente ligada à composição formal de seus trabalhos, frutos de processos colaborativos. Oposições entre sensações como força/delicadeza e ameaça/tranqüilidade emanam das obras, que lidam com aspectos sutis do contato do homem com a natureza pela via da transcendência, da espiritualidade.

Nascido na região dos Alpes Suíços, no vale de Engadin, vilarejo de Sent, Not Vital teve desde cedo um contato muito forte com a natureza. Passando por Nova York em 1976 e viajando depois por países e regiões tão diferentes quanto China, Butão, Níger, Patagônia, Indonésia, Bélgica e Murano, cooptou ao longo dessas viagens os trabalhadores de manufaturas locais, que colaboram com sua produção emprestando técnicas de produção refinadas e artesanais, o que confere uma materialidade única a cada obra. Atualmente, divide sua produção entre o Rio de Janeiro, Pequim e Sent, seu vilarejo natal.

Três obras serão exibidas na Galeria Nara Roesler. A primeira é Heads (2013-2015), fruto da colaboração de soldadores de aço inoxidável que o artista conheceu em Pequim, em cujo bairro artístico Caochangdi ele tem ateliê. A ideia surgiu em uma viagem ao Laos, onde viu a imensa escultura do Buda local. Not Vital apropriou-se da imagem da cabeça do Buda para destituí-la dos detalhes e torná-la uma forma sugerida, uma espécie de essência da original. O aço inoxidável soldado confere um brilho luminoso a cada uma das peças, que têm mais ou menos a estatura de uma pessoa.

Em 750 Knives (2004), o artista enfia as 750 facas do título em uma parede, da qual o espectador vê a face em que as pontas das lâminas se projetam em triângulos minimalistas. Além da forma intrigante dos metais que saltam da parede, há um senso de ameaça pelas lâminas que parecem projetar-se contra o público. Ao mesmo tempo, por sua concisão formal, paradoxalmente transmitem uma ideia de tranqüilidade, de harmonia.

Por acreditar que o gesso, em certo momento de sua hidratação, tem a consistência e a aparência da neve, Not Vital criou a instalação Snowball Wall (2015). Nela, atira contra uma parede bolas de gesso, como nas guerras lúdicas de bolas de neve. Elas explodem contra a superfície dura, deixando seu relevo estampado.