Biografia

Por meio de vídeos, instalações, objetos e textos, Jaime Lauriano (n. 1985, São Paulo, Brasil) revisita os símbolos, imagens e mitos formadores do imaginário da sociedade brasileira, tensionando-os a partir de proposições críticas capazes de revelar como as estruturas coloniais do passado reverberam na necropolítica contemporânea. Lauriano aborda as formas de violência cotidiana que perpassam a história brasileira desde sua invasão pelos portugueses, centrando-se, com especial perversidade, em indivíduos racializados. Nesse sentido, o artista se debruça sobre os traumas históricos de nossa cultura, compreendendo suas complexidades a partir do agenciamento de imagens e discursos provenientes das mais diversas fontes, sejam aquelas tidas como oficiais, como veículos de comunicação e propagandas de Estado; como as extra oficiais, como vídeos de linchamentos compartilhados pela internet.

 

Sua crítica se estende da macropolítica das esferas do poder oficial à micropolítica. Lauriano pensa o trauma não só em sua dimensão temporal, mas também espacial, valendo-se de formas de mapeamento a fim de questionar as disputas e construções territoriais coloniais. Outra dimensão de seu trabalho é a conexão com religiões ancestrais de matriz africana. O artista emprega signos e símbolos desses rituais, como a pemba branca, utilizada na feitura de seus mapas, compreendendo como a esfera religiosa foi fundamental para a resistência dos escravizados, servindo como espaço de manutenção de suas relações com o território ancestral.

 

Jaime Lauriano vive e trabalha em São Paulo. Suas exposições individuais incluem: Why don't you Know About Western Remains? na Nara Roesler (2024), em Nova York, Estados Unidos; Aqui é o Fim do Mundo, no Museu de Arte do Rio (MAR) (2023), no Rio de Janeiro, Brasil;  Paraíso da miragem, em colaboração com silêncio coletivo, na Kubik Gallery (2022), em Porto, Portugal; Marcas, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) (2018), em Recife, Brasil; Brinquedo de furar moletom, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói) (2018), em Niterói, Brasil; Nessa terra, em se plantando, tudo dá, Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) (2015), no Rio de Janeiro, Brasil; e Impedimento, no Centro Cultural São Paulo (CCSP) (2014), em São Paulo, Brasil. Lauriano apresentou trabalhos na El Dorado: Myths of Gold, no Americas Society, Nova York, EUA (2023), no 37º Panorama da Arte Brasileira, São Paulo, Brasil (2022); e na 11a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (2018). Participação em exposições coletivas incluem: Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, Brasil (2023), Social Fabric: Art and Activism in Contemporary Brazil, Visual Arts Center, The University of Texas, Austin, EUA (2022); Histórias brasileiras, no Museu de Arte de São Paulo (MASP) (2022), em São Paulo, Brasil; Afro-Atlantic Histories, no National Gallery of Art (2022), em Washington DC, Estados Unidos e no Museum of Fine Arts (MFAH) (2022), em Houston, Estados Unidos; Quem não luta tá morto – arte democracia utopia, no Museu de Arte do Rio (MAR) (2018), no Rio de Janeiro, Brasil; Levantes, no SESC Pinheiros (2017), em São Paulo, Brasil; Territórios: Artistas afrodescendentes no acervo da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015), em São Paulo, Brasil. Seus trabalhos podem ser encontrados em coleções institucionais, tais como: Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Recife, Brasil; Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; e Schoepflin Stiftung, Lörrach, Alemanha.

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