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A Nara Roesler Rio de Janeiro inaugura seu programa anual de exposições com 3 é 5, individual da artista convidada Dani Tranchesi. Ao longo do ano de 2020, a artista visitou e registrou quatro feiras na cidade de São Paulo. Os registros deram origem ao projeto 3 é 5, que resultou em 95 imagens, das quais uma seleção de mais de trinta fotografias estará em exibição na galeria. Acompanhada de um percurso literário composto de textos do curador e escritor Diógenes Moura, a mostra abre ao público no dia 02 de fevereiro e fica em exibição até 05 de março de 2022.

 

O fascínio pela diversidade de pessoas, coisas, cores e texturas é uma das características fundamentais da prática de Dani Tranchesi. Em suas inúmeras viagens pelo mundo, a fotógrafa sempre buscou registrar as dinâmicas de feiras e mercados. Mais do que lugares destinados ao comércio, as feiras livres são verdadeiros eventos, ou “óperas”, como propõe o curador Diógenes Moura.

 

Durante a pandemia de Covid-19, Tranchesi, atenta ao fato de que as feiras foram um dos poucos eventos que se mantiveram ativos, engajou-se no registro das personagens e ações que dão vida ao mercado. As imagens podem ser agrupadas em dois núcleos, o primeiro faz convergir a linguagem documental, do registro cotidiano, onde a perspectiva subjetiva da artista está focada mais em detalhes, fragmentando a cena, do que no quadro geral. No segundo núcleo, somos remetidos à tradição do estúdio, com fotos de retratos e naturezas mortas realizadas em um cenário improvisado na feira.

 

Em cinco fragmentos textuais dispostos ao longo da exposição, o curador e escritor Diógenes Moura apresenta sua própria versão poética da feira. Os textos que compõem o percurso literário de Moura foram elaborados para compor o livro 3 é 5 que apresenta a totalidade das imagens feitas durante o projeto. O lançamento da edição será realizado no dia da abertura da exposição, ocasião em que a artista estará presente, assinando os volumes adquiridos.

 

Dani Tranchesi trabalha entre o limite do que lhe pertence e do que pertence ao ‘outro', entre o que pode ser considerado comum e o que chamamos de inusitado: coisas simples, gestos mansos, a vida cotidiana descansando no percurso do tempo. Sua pesquisa imagética é sempre um caminho para descobertas e experimentações: dos recursos formais da fotografia digital às sobreposições, colagens, achatamentos, recortes, suas imagens estão sempre diante de uma busca incessante para entender o limite entre “ver” e “enxergar”.

 

Seu projeto mais recente, 3 é 5, mostra o dia a dia das feiras públicas em São Paulo, do ponto de vista do trabalhador; a grande ópera pública que é a montagem, o fluxo dos fregueses, a desmontagem e o “idioma” utilizado pelos feirantes. Esse trabalho segue o percurso de pesquisa da fotógrafa, que teve início em 2019, ao lado do escritor, curador e editor Diógenes Moura.

 

Dani Tranchesi nasceu em 1968, em São Paulo, Brasil, onde atualmente reside e trabalha. Suas fotografias estiveram presentes em diversas exposições, entre as quais destacam-se as individuais: Dani Tranchesi: Caixa-Clara, na Galeria Estação (2018), em São Paulo, Brasil; Cuba antes dos Stones, na The School of Life (2017), em São Paulo, Brasil; e Mundo, no Studio Kaza, em Miami, Estados Unidos. Exposições coletivas recentes incluem: Terra em Transe, no Museu Afro Brasil (2021), em São Paulo, Brasil;e Les Encontres de La Photographie, em Arles (2021), França; entre outras.

 

Vistas da Exposição