Nara Roesler New York tem o prazer de anunciar Clouds [Nuvens], individual de Bruno Dunley. Figura central da nova geração de pintores brasileiros, o artista apresenta, em sua segunda individual nos Estados Unidos, uma seleção de pinturas e trabalhos sobre papel desenvolvidos ao longo dos últimos dois anos.
A produção recente de Dunley segue investigando as tensões constitutivas da pintura, entre a imagem e sua estrutura física, sempre determinada pelo uso enfático da cor. Iniciada durante a pandemia e portanto, em um ambiente mais isolado, Clouds inclui trabalhos que parecem ter internalizado o ambiente do artista neste determinado momento, propondo campos claustrofóbicos e labirínticos, mas principalmente criando um tom onírico e subjetivo onde a cor se manifesta em seu excesso, através de espaços indeterminados.
Desde 2020, o artista tem intensificado sua pesquisa cromática, tendo como incentivo a criação da Joules & Joules, marca de tinta a óleo, encabeçada por Dunley e o também pintor Rafael Carneiro. O empreendimento teve início frente às dificuldades de se importar tinta durante a pandemia de covid-19, buscando oferecer um material alternativo de qualidade no mercado brasileiro. Esta iniciativa lançou o artista em uma relação minuciosa e altamente experimental com os pigmentos, cujos reflexos ecoam nos trabalhos recentes de Dunley. Motivado pela busca da luminosidade das cores pelo do uso do óleo, ele opera através das camadas de tinta, raspadas ou por fazer, revelando-nos, em suas pinturas, uma narrativa da matéria .
Os desenhos, por sua vez, são feitos com giz e carvão sobre papel, com um vocabulário formal e cromático muito mais econômico. Muitos deles se debruçam, também, sobre o tema da nuvem. Dunley parece repetir a figura, sem se motivar pela busca do rigor compositivo, mas deixando-se levar pelas possibilidades da investigação do desenho como estrutura para suas pinturas.
Em Cloud, a nuvem é mais uma ocorrência abstrata do que uma figuração. Em trabalhos como Nuvem amarela, A nuvem e A cidade as formas beiram o informe, como presenças que flutuam na incerteza. Nuvens sempre foram figuras-limite contra o fundo da geometria e da perspectiva, fragmentos do real que desafiam a mensuração e o controle gráfico e, potencialmente,como o trabalho recente de Dunley, são formas simbólicas de abstração, transmitindo luminosidade e onirismo lúdico.