A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar A Cor entre Linhas, com curadoria do Núcleo Curatorial Nara Roesler em colaboração com Artur Lescher. A mostra coletiva conta com trabalhos dos artistas Antonio Dias, Carlito Carvalhosa, Sergio Sister, Tomie Ohtake, Milton Machado, Fabio Miguez, Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Mira Schendel, além do próprio Lescher.
A exposição tem como ponto de partida a instalação inédita que Artur Lescher concebeu especialmente para o projeto, que serve como objeto teórico para abordar a relação dinâmica entre cor e linha, suas mutuas interações e tensões plásticas, declinada através de diferentes artistas e linguagens
Abraham Palatnik, nome fundacional da arte cinética, explorou tais elementos plásticos visando a obtenção de dinamismo e jogos óticos, que terminavam por engajar o espectador na composição, criando uma relação mais ativa entre espectador e obra. Nas pinturas de Ohtake, por seu turno, a relação entre linha e cor se dá de modo tácito, meditativo, com amplas áreas cromáticas, compostas de discretos tonalismos, se vendo entrecortadas por linhas absolutas e sinuosas. Já Amelia Toledo enxerga essa relação principalmente através da linha do horizonte, que explora por meio de paisagens nas quais retém apenas os elementos essenciais, trabalhando dessa forma no limite entre figuração e abstração.
No trabalho de Mira Schendel, por sua vez, a linha comparece de maneira caligráfica, em especial em suas monotipias, realizadas a partir da década de 1960. Executadas sobre papel de arroz, as mesmas apresentam traços, linhas e grafismos que parecem flutuar ante o fundo branco do suporte, servindo, ao mesmo tempo, como material precípuo da comunicação escrita e signo visual independente.
Dentre os artistas que participaram do processo de retomada da pintura em uma chave contemporânea a partir da década de 1980, integram a mostra Sérgio Sister, Fabio Miguez e Carlito Carvalhosa. No trabalho do primeiro, a relação entre linha e cor extrapola o plano pictórico, se detendo também na tridimensionalidade, de modo que sua poética termina por contribuir para a ideia de pintura expandida. Carvalhosa, por seu turno, utiliza como suporte chapas de alumínio espelhadas ou mesmo espelhos, sob os quais aplica matéria pictórica, por vezes através de grandes áreas de cor, e seu gestual acaba por se fazer presente em linhas que imprime sobre tal matéria, evidenciando o que está “embaixo” da cor. Em Miguez, na sua produção mais recente, a relação entre linha e cor caminha no sentido de se projetarem espacialidades e arquiteturas, dado que o mesmo realiza releituras de pinturas de grandes mestres do Renascimento italiano, porém removendo das cenas os personagens e conservando apenas as situações espaciais.
Já em Milton Machado, o que se vê é um conjunto de telas que parecem evocar as cores e formas de tijolos. Intitulado Terras, tal trabalho é composto de um fundo marrom e grids que vão de tons do vermelho ao preto. A matéria-prima empregada pelo mesmo, contudo, consiste em pó de tijolo macerado, com o trabalho assim fazendo menção ao material que pretende evocar. Artur Lescher, por seu turno, traz a exploração da relação entre linha e cor para o âmbito escultórico, objeto primacial de sua poética, levando em conta sobretudo a relação com o espaço.