Biografia

A pesquisa pictórica de Fábio Miguez (n. 1962, São Paulo, Brasil) é voltada para a espacialidade e a materialidade. Assim como os demais membros fundadores do ateliê Casa 7, Carlito Carvalhosa, Nuno Ramos, Paulo Monteiro e Rodrigo Andrade, Miguez, na década de 1980, era influenciado pela pintura neoexpressionista alemã. No período, seus trabalhos são marcados pelo acúmulo de matéria e pelas tonalidades escuras em composições que remetem à paisagens. Durante os anos 1990, começou a produzir, simultaneamente a seu trabalho pictórico, a série de fotos Derivas, que foram publicadas no livro Paisagem zero (2013). Sua pesquisa passa a se debruça sobre a luz, em composições abstratas, em que a gestualidade expressiva vai dando espaço à uma geometria frouxa, e as cores claras e transparentes ganham protagonismo. 

 

Nos anos 2000, Miguez investiga a pintura no campo tridimensional, criando instalações com a sobreposição intervalada de placas de vidro pintadas, assim como suas valises que comportam objetos que permitem a interação do espectador, recombinando os diversos elementos ali presentes. Sua formação em arquitetura traz uma influência construtiva, que se manifesta em trabalhos da época em que o espaço vai ganhando contornos cada vez mais definidos. Desde 2010, Miguez se dedica à série Atalhos, em que se apropria de fragmentos e detalhes de pinturas de grandes mestres, reelaborando-as em pinturas de pequenas dimensões, empregando repetições e operações de inversão e espelhamento. Um desdobramento desse conjunto são as pinturas da série Volpi, na qual o artista se apropria de um fragmento de uma fachado do pintor itálo-brasileiro, reelaborando-a em grandes pinturas.

 

Fábio Miguez vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Principais individuais incluem: Alvenarias, na Nara Roesler (2022), em São Paulo, Brasil; Fragmentos do Real (Atalhos) – Fábio Miguez, no Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) (2018), em Ribeirão Preto, Brasil; Horizonte, Deserto, Tecido, Cimento, na Nara Roesler (2016), no Rio de Janeiro, Brasil; Paisagem Zero, no Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA) (2012), em São Paulo, Brasil; Temas e variações, no Instituto Tomie Ohtake (ITO) (2008), São Paulo, Brasil; Fábio Miguez, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2003), em São Paulo, Brasil. Participou de diversas bienais, como: 18ª e 20ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo (1985 e 1989); 2ª Bienal de La Habana, Cuba (1986); 3ª Bienal Internacional de Cuenca, Equador (1991); e a 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (2005); além de mostras retrospectivas, como Bienal Brasil Século XX (1994) e 30x Bienal (2013), ambas promovidas pela Fundação Bienal de São Paulo. Coletivas recentes incluem: Alfredo Volpi & Fabio Miguez: Alvenarias, na Gladstone 64 (2023), em Nova York, EUA; Coleções no MuBE: Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz – Construções e geometrias, no Museu de Ecologia e Escultura (MuBE) (2019), em São Paulo, Brasil; Oito Décadas de Abstração Informal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2018), em São Paulo, Brasil; Auroras - Pequenas Pinturas, no Espaço Auroras (2016), em São Paulo, Brasil; Casa 7, na Pivô (2015), em São Paulo, Brasil. Possui obras em diversas coleções institucionais, como: Centro Cultural São Paulo (CCSP), São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz (IFF), Ribeirão Preto, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Exposições

Press

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    objet trouvé: luis pérez-oramas curates a poetic and subtle group exhibition at galeria nara roesler

    cynthia garcia, Newcity Brasil 10.12.2019
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    a pintura reinventada

    antonio gonçalves filho, o estado de s. paulo 23.6.2018
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    pintura é estrela em mostras nos jardins

    folha de s.paulo - guia da folha 22.6.2018

Texto Crítico

  • fragmentos do real*

    rodrigo moura
    Para começar de algum lugar, caberia antes de mais nada apontar a natureza inquieta que percebo na pintura de Fábio Miguez na última década e meia em que a observei mais de perto. É como se, de maneira lenta e consciente, o artista tivesse colocado em dúvida uma série de pressupostos de sua própria prática, trazendo-a para searas se não estranhas a ela, ao menos inesperadas. Em 2002, na exposição homônima na galeria 10,20 x 3,60, em São Paulo, Miguez levou sua pintura (que já havia ganhado contornos mais geométricos) para fora da tela, com planos transparentes de vidro e nacos de forma-cor no espaço. O espectador podia percorrer a exposição como se andasse numa pintura e o branco dos quadros tivesse se transformado no próprio espaço. Esse gesto teve algumas implicações nas obras seguintes. Por um lado, o espaço vazio das pinturas se tornou mais denso, com as massas cromáticas se destacando de maneira mais evidente e conferindo, por isso, um caráter mais diagramático à composição. Outro...