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René Francisco, artista referência de Cuba, apresentará sua primeira individual no Brasil, na Galeria Nara Roesler São Paulo, com curadoria de Ella Cisneros. 

 

A Galeria Nara Roesler apresenta “Venceremos”, a primeira mostra de René Francisco como artista da Galeria Nara Roesler, além de ser sua primeira exposição no Brasil. Dono de uma verve crítica que oscila entre a ironia e a contundência, o artista exibirá entre desenhos, pinturas e assemblages na estréia na galeria, que acontece no dia 2 de abril. Ella Cisneros, curadora da exposição fará uma visita guiada da mostra junto ao artista no dia da abertura, as 10.30 as 11.30. 

 

René Francisco faz parte da geração de artistas que hoje estão na casa dos 50 anos, ou seja, encontraram em Cuba um regime militar “socialista” já em pleno curso, mas também em decadência, soterrado por sanções econômicas por parte dos EUA. Com isso, é natural que o grupo de artistas desse período explore as contradições e absurdos perpetrados pelo embargo americano e pela política interna, que busca manter as aparências quando seus problemas são evidentes.

 

A produção artística engajada de René Francisco é complementada pela atuação como professor do ISA (Instituto Superior de Artes) desde 1989, formando gerações de jovens artistas com horizonte crítico. As questões do ensino também foram exploradas por ele pelo viés da arte com o coletivo DUPP (Desde Una Pragmatica Pedagogica).

 

Como artista, Francisco tem uma produção plural, que abrange pintura, escultura, instalação, intervenção, registro de ação e vídeo. Dentre os recursos temáticos de sua obra, a utilização de palavras de ordem e iconografia caros ao castrismo, deslocados de seu contexto original, evidenciando seu caráter ultrapassado e atravessado pela problemática da atualidade.

 

Tubos de pasta de dente antropomorfizados, mas sem cabeça, como também pinturas de multidões sem rosto em preto-e-branco colocam em xeque a desindividualização que tanto o regime castrista quanto a sociedade de consumo acabam por promover. A reforma de casas paupérrimas de Havana e a oferta gratuita de desenhos pessoais em uma banca armada nas ruas são exemplos de suas ações diretas.

 

Entre as obras que serão exibidas na Galeria Nara Roesler, figuram pinturas em preto-e-branco da série de conjuntos humanos despersonalizados, colocados em caixas de fósforo, como material inflamável que pode adquirir força explosiva. Outro trabalho é Venceremos, uma composição de espátulas usadas na construção civil que ostentam as letras da palavra de ordem castrista, formadas por pinturas de multidões. Formas geométricas inseridas em papéis quadriculados, dando a sensação de projetos industriais utilitários, também figuram entre os trabalhos da exposição.